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Relatórios de trabalho














Relatório 08.06
 Zedu no rito de Bia na Ladeira da Memória
 Trabalhamos com a Ligiana respiração e expansão da caixa torácica e aquecimento vocal:
 . exercício respiratório que consiste no seguinte movimento: sem encostar as arcadas dentárias superior e inferior e mantendo os lábios cerrados, fazer com que o ar entre e saia pelas narinas provocando um leve ronco durante a inspiração e expiração, sem pausa no processo respiratório.
 . afinação e timbre com essa mesma embocadura e expansão do palato.
 Afinação vocal procurando sempre timbrar as vozes dentro de uma escala musical:
 .exercícios de voz usando a boca do U, mas com som de I fazendo o caminho do grave/agudo/grave.
Nesse momento do trabalho foi possível identificar nossa caixa de ressonância cotidiana, ou seja, onde cada um coloca a sua voz habitualmente. Através da escuta individual foi apontada a identidade vocal de cada um, bem como caminhos a serem explorados vocalmente.
Deslocamento da voz em nossas caixas de ressonância e reconhecimento físico dessa ação. A voz ressoando dentro do crânio, na face, nos olhos, pois assim a onda sonora emitida tem mais potência de percorrer o espaço, diferentemente da voz colocada na garganta que fica no entorno do corpo do emissor:
.aqui o exercício utilizado foi a frase “o rato roeu a roupa do rei” com o ar saindo pelo nariz, buscando um timbre que ressoasse na caixa craniana. A sensação física provocada por esse deslocamento da voz faz com que o som emitido tenha mais corpo, é como se pudéssemos ver o som no espaço, a palavra ganha corporeidade, peso, é como se o som tivesse matéria. E essa sensação é notada tanto no emissor como no receptor. A sensação é física mesmo.
Trabalho delicado e artesanal, pena que não deu tempo de cantar.
Depois houve exposição dos ritos do dia 11 de junho (Adriana e Zedu), além do fechamento de locais e datas dos ritos que faltavam.
Relator: José Eduardo
Relatório 04.06
Hoje fizemos nossa primeira experiência na rua. A proposta foi de realizarmos uma caminhada com um objeto de afeto, que tenha grande valor para o ator, e assim, dançar carregando para si além da preciosidade desse objeto, a ancestralidade que dele se origina. Perceber que nunca se está sozinho. E isso foi ainda mais enfatizado, pois tínhamos que trabalhar os vetores, ou seja, uma força que leva para frente, para o futuro e outra que trás de volta ao passado, ao ponto inicial – nos leva aos céus e as trevas. Perceber que nosso corpo é memória, reencontrar as memórias presentes e existentes interna e externamente. Dançar a ancestralidade. No meio do trajeto deveria ocorrer a ruptura, o desapego do objeto, deixá-lo e assim se libertar, trazê-lo apenas internamente. Na volta ocorreria a transformação dos estados corporais. Dançar o objeto de afeto, mas agora apenas a lembrança dele. A bem da verdade, a caminhada era deixar-se ser levado e simplesmente dançar.
Ficou a critério de cada um escolher a parte da mandala que mais gosta, desde que todos culminassem no marítimo e então, dar início a caminhada.
Inicialmente nos deparamos com a imensidão de possibilidades que o espaço urbano proporciona, como interagimos e como somos recebidos pelo ambiente. Era um misto de estar invadindo o lugar do outro – no caso, atrapalhando a venda dos camelôs e o caminho dos apressados para voltar para suas casas. Como também o olhar atento de alguns que não entendiam o que estava acontecendo: será que é teatro? Será que é dança? Quem são essas pessoas? O que fazem? O que carregavam? É alguma religião? O que é tudo isso? Eles nada sabiam, mas, não paravam de olhar.
Alguns por uma necessidade de chamar atenção ou medo do desconhecido, simplesmente mexiam e continuavam a fazer o seu caminho, já outros, mesmo brincando continuavam para ver o resultado, até onde chegaria. Alguns carros de polícia passam com cuidado para não atrapalhar, outros nem tanto, apenas fazendo o seu trabalho e vigiando, e uma ambulância que quase teve que parar para socorrer os atores dançarinos quase atropelados. E a sensação de estar invadindo o espaço público, um espaço que por direito é nosso também, foi-se, e ele se tornou nosso, pelo menos durante a hora em que aquele viaduto era o viaduto de nossa história, de nossa mitologia pessoal.
Acredito que a maior dificuldade foi manter a concentração, não perder a linha que foi construída. Isso não implica termos que ficar em nosso mundo, realizar o exercício apenas para nós, pois assim, teríamos ficado dentro de sala de aula, trancados. O objetivo é perceber o mundo ao redor e manter o trabalho, dividir tudo com o espaço, com o olhar do outro, com o corpo do outro, mesmo ele nem se quer olhando ou quase nos atropelando. É fazer-se presente no mundo, eu, de carne e osso, com memórias boas e más, de tal história, de tal passado, esperando tal coisa para o futuro, e vivendo aquele presente, aquele instante em que a cidade pode continuar no seu caos, no seu barulho, no seu movimento, mas eu, estou aqui, de corpo presente e aberto para trazer à tona o que tiver que descobrir.
De modo geral, todos ao deixarem seus objetos, ao se desapegarem, se sentiram livres, leves, fortalecidos. O objeto deixou de fazer parte ou permaneceu dentro de cada um.
Relatora: Janaína Ribeiro
Relatório 01.06
O encontro do dia 01 de junho (terça-feira) foi dividido em duas etapas:
1. Sequência de Esforço
2. Leitura e reflexão coletiva sobre os verbetes dança e morte do Dicionário dos Símbolos
Sequência de Esforço :
Sob as indicações do Wolfgang, nós realizamos uma série de exercícios de esforço priorizando a flexibilidade, a ampliação da atenção com relação à exterioridade (o espaço e o outro) e a resistência física e cardiovascular.
Seguimos por sequências de exercícios inspirados na “ginga” da capoeira, com variações como a “benção”, individualmente e depois em duplas, mantendo sempre o foco do olhar no nosso parceiro.
Durante esta série de esforço o Wolfgang sempre nos chamava a atenção, para que após o movimento ser compreendido em sua forma, priorizássemos na qualidade do movimento, desde o centro do corpo até as extremidades (pontas dos dedos atentos).
Ainda ao som de batuques, alguns de nós sugerimos movimentos para que todos fizessem. O Thiago, a Janaína, a Clélia e a Adriana foram os primeiros a demonstrar movimentos que depois foram seguidos pelo grupo. Por último foi o Zedu (José Eduardo) que sugeriu. O movimento sugerido pelo Zedu foi repetido diversas vezes, ele consistia em uma pessoa realizar um salto num ângulo de 180 graus no espaço, apoiando-se nos braços de um companheiro. Até chegar ao fim da sala a dupla deveria revezar no salto, sempre procurando a melhor posição para os braços e reduzir ao mínimo o barulho do impacto no chão, tornando o movimento dos dois cada vez mais fluído.
O exercício que encerrou a sequência de esforço consistia em uma caminhada um giro e um arremesso da perna também em giro. Esse exercício também foi repetido diversas vezes até nós encontrarmos fluidez, tornando o movimento da perna cada vez menos “estacato”, ou seja, cada vez mais num fluxo contínuo de energia.
Leitura e reflexão coletiva sobre os verbetes dança e morte do Dicionário dos Símbolos:
O Wolfgang propôs que o Rito de Passagem da Bia (Ana Beatriz) seja o primeiro de todos a ser realizado, e como o rito da Bia acontecerá no Vale do Anhangabaú, ficou combinado que o rito da Cléia seja no mesmo dia, pois será realizado no mesmo local.
Conversamos um pouco sobre a temática do Rito de Passagem da Bia e de como reside nele algo de fundamental e essencial em todos os ritos de passagem: A Dança da Morte.
Devido a isso, passamos para a leitura dos verbetes relativos a Dança e a Morte no Dicionário do Símbolos, pois será importante para todos os candidatos à ritualização.
As leituras, reflexões e discussões sobre os assuntos levantados nos verbetes foi extremamente fecunda, esclarecedora e ao mesmo tempo gerou mais uma série de questões sobre as idéias de dança, morte e rito de passagem.
Registrei abaixo algumas das palavras e enunciados levantados após as leituras dos verbetes, é válido observar as semelhanças entre dança e morte:
              Febre                                                Celebração                                                          Frenesi                                                                                                                              
                              Instinto Vital                                 Manifestação explosiva
                                                            Apoderação                          Apoderamento de uma criatura
Dualidade do Temporal                                                Fora do Tempo
                     Tornar visível o invisível     DANÇA  Reencontro com a unidade primeira
                            Celebrar o imperecível                               Encontro com o Sagrado Êxtase
Dança do Sol                                        Dança de Luto                                                        Danças Rituais
             Dervixes Rodopiantes da Paixão                                            Criação / Destruição
                                                           Para além e para aquém da palavra
Febre                                                Celebração          Coexite com a vida                                Frenesi                                                                                                                              
               Instinto Vital                             Manifestação explosiva                     Apoderação                          Apoderamento de uma criatura                                                               Fora do Tempo
                     Tornar visível o invisível     MORTE  Reencontro com a unidade primeira                                                     Celebrar o perecível e o destrutivo da existência    
Encontro com o Sagrado                               Introdutora aos mundos desconhecidos
Revelação                         Introdução                                                   Evolução irreversível das coisas
     Todas as iniciações atravessam uma fase de morte, antes de abrir o acesso a uma vida nova                                                                                                                             Criação / Destruição
Desmaterializa e libera forças do espírito                             Para além e para aquém da palavra                     Poder de regenerar                        Filha da noite e irmã do sono                         Lembra-nos que é preciso ir ainda mais longe
Relatora: Alda
 CAMINHADA       COM       OBJETO       DE       AFETO
Duração – 80 minutos (40 min. de ida e 40 min. de volta)
Local: Viaduto Santa Ifigênia – 18h – 04.05
A caminhada será simbolicamente uma preparação para a execução dos ritos de passagem, portanto requer uma morte simbólica, que será representada pela ruptura proporcionada pelo desapego do objeto de afeto.
Quando iniciar a Mandala de Energia, já trazer a ancestralidade (real ou imaginária) do objeto de afeto. Durante a ida da caminhada, dançar o trajeto da ancestralidade do objeto até o presente momento e a relação do mesmo com o performer.
No meio da caminhada, deve ocorrer a ruptura, o desapego do objeto e a consequente transformação que essa ruptura trará, que será dançada durante a volta. Essa volta representará o aqui-agora, o novo estado conquistado pelo abandono e a transformação operada no íntimo de cada um.
Durante a caminhada deverão ser trabalhados os conceitos de vetores (passado e presente / antes e agora, etc.), criando a tensão para a dança. Esses vetores podem ser correlacionados ao apego/desapego do objeto (a ancestralidade que puxa para trás e o futuro que tem de ser conquistado). O conceito de vetores opera também na respiração (sufocamento / aspiração).
A ruptura dever proporcionar um estado de libertação controlada. Essa liberdade pode ir crescendo em intensidade à medida que a caminhada chega ao fim.
Valter Felipe
Relatório 02.06
Primeira etapa: sequência de exercícios de esforço
Iniciamos com sequências de movimentos integrados à respiração, com a finalidade de alongar e aquecer o corpo. Em seguida partimos para exercícios de esforço, os quais exigiam concentração, noção espacial, olhar ampliado, esforço muscular, etc. Algumas destas sequências têm como base movimentos da capoeira. A Isa nos alertou sobre a necessidade de manter a conexão com o colega, uma vez que a proposta dos exercícios é que sejam feitos em dupla. Após o término, Wolfgang pediu para que todos apenas escutassem uma música e em seguida a dançasse. Este momento foi marcado por uma dança repleta de descontração e divertimento. Antes de finalizar esta primeira etapa, Wolfgang nos perguntou se possuímos aparelhos com fones de ouvido e compartilhou sua idéia de exercício com este aparelho (cada performer deverá trazer seu aparelho, escolher uma música e dançar, porém ninguém deverá saber a música que cada um está dançando/escutando. Após este momento, todos escutarão e dançarão todas as músicas no mesmo instante, fazendo um paralelo com a realidade urbana atual.
Segunda Etapa: preparação Vocal orientada por Ligiana Costa
Em roda, com exercícios de respiração praticamos expansão das costelas e “diafragma”. Para melhor percebermos os caminhos do ar pelo nosso corpo, Ligiana pediu para que continuássemos nos exercitando, porém com a ajuda de um colega. Em seguida trabalhamos vocalizes com variações de tom. Separados por vozes masculinas e femininas, fizemos o exercício nomeado “Órgão e Noiva”. A Ligiana chamou cada participante ao centro da roda, para escutarmos o efeito sonoro do coro. Por último, ainda em círculo, mas sentados, continuamos com o trabalho de base em vocalize e a Ligiana propôs um trabalho de improvisação vocal, no qual o participante ia até o centro da roda e interagia com o coro livremente, criando uma nova canção. Finalizamos desaquecendo nossas vozes com fricativos sonoros.
Durante esta etapa, alguns integrantes relataram que utilizarão os exercícios vocais em seus rituais. Wolfgang aprovou e incentivou o aproveitamento desses aprendizados em nossos rituais.
Terceira Etapa: agendamento dos rituais, bem como adequação de hora e local.
Segue abaixo o calendário disposto até o momento:
·         09 de Junho: Ritual – Bia/Cleia (Anhangabaú).
·         11 de Junho: Ritual – Adriana/Zedu (Sala).
·         15 de Junho: Ritual – Chiu/Carol (Largo São Bento).
·         16 de Junho: Planejamento/Treinamento (Acertos necessários)
·         18 de Junho: Ritual - Rodolfo/Maíra (Data e local a serem definidos)
·         20 de Junho: Ritual - Alda/Vlamir/Lilian (Parque Ibirapuera) – OBS: Este é um dia extra aos nossos encontros. (DOMINGO).
·         22 de junho: Planejamento/Treinamento (Acertos necessários).
·         27 de Junho: Ritual: Patrícia/Thiago/Janaina (Parque da Luz).
OBS: OS RITUAIS QUE NÃO ESTÃO PRESENTES NESTA LISTA SERÃO AGENDADOS FUTURAMENTE.
Como nosso tempo excedeu, foi adiada a explanação dos rituais de Bia e Cleia para sexta feira. Durante os agendamentos Wolfgang ressaltou algumas questões:
·         Importância das responsabilidades de cada integrante no Nutaan.
·         Necessidade de entrega das pessoas em todos os rituais.
·         Pensar nos rituais como uma grande mandala.
Em seguida reafirmamos nosso encontro na sexta-feira, partiremos às 17h da Galeria Olido em direção ao Viaduto Santa Efigênia. Para este dia todos deverão levar um objeto afetivo (que seja de grande importância para si) e ir com roupas confortáveis que se relacionem com o objeto escolhido.
Relatora: Carol Greco
Relatório 26.05 
Começamos com exercícios de alongamento. Wolfgang iniciou a realização de alguns passos e movimentos de capoeira acompanhados pela música de tambor. Movimentos rápidos combinados com movimentos lentos num fluxo contínuo para injetar mais tonicidade. Todos os movimentos visavam à distensão das nossas musculaturas. E num dos movimentos, houve um “butoh mais acelerado” com gestos flexíveis e rápidos. Assim, após essa sequência, formamos pares para uma improvisação de dança em vários movimentos livres e criados. Era importante que cada um criasse movimentos, sem perder a relação com o parceiro. Cada um tinha de surpreender o seu companheiro.
Após essa intensa dinâmica, a professora de canto lírico Ligiana Costa foi nos apresentada. Ela trabalha especialmente com canto lírico. Fez trabalhos com Tom Zé, Baden Powell, viajou pelos países da Europa (Itália, Holanda) e África (Senegal) dando oficinas e aprofundando a sua pesquisa de doutorado. Ela também trabalha com fonoaudiologia, projeto social e faz voluntariado com travestis. 
Após essa intensa dinâmica, a professora de canto lírico Ligiana Costa foi nos apresentada. Ela trabalha especialmente com canto lírico. Fez trabalhos com Tom Zé, Baden Powell, viajou pelos países da Europa (Itália, Holanda) e África (Senegal) dando oficinas e aprofundando a sua pesquisa de doutorado. Ela também trabalha com fonoaudiologia, projeto social e faz voluntariado com travestis.
Então, a professora muito simpaticamente nos deu uma aula teórica resumida, e como nada era previsível, na ausência de qualquer instrumento musical, ela propôs que fizéssemos primeiramente exercícios de respiração. O ar é o elemento fundamental para atingirmos amplitude na emissão. Era preciso tomar consciência do movimento da inspiração e expiração através do enchimento de nossos diafragmas e músculos inferiores. Exercícios de voz foram interessantes e bem conduzidos. Quando ela nos pedia para fazermos um dos tons que era “u”, ela mesma se surpreendeu com a nossa sensibilidade e sintonização. O “u” tinha uma melodia que podíamos modular e, assim, formou-se um coro. De acordo com a sua regência, o coro cantava, ampliando e mantendo esse tom musical. Três coros foram formados onde cada um tinha de exercitar a modulação em diferentes registros. Naturalidade, delicadeza e humor foram qualidades incorporadas nesse processo de sensibilização da voz. Nosso primeiro contato com um exercício vocal no NuTaan foi maravilhoso, excelente e alegre.
Nesse dia, começamos também discutindo como seria fazer um núcleo de dramaturgia? O objetivo era que, realizadas as performances, teríamos de fazer uma triagem a fim de reelaborar/recriar um novo roteiro dramatúrgico. Os integrantes envolvidos consultariam os performers e também os coordenadores, pois dessa forma poderiam redesenhar uma nova estrutura de rito de passagem que tanto incluiria os elementos fundamentais de cada performance realizada, como recriaria um novo caminho ainda não trilhado. É evidente que esse núcleo de dramaturgia se encarregaria de trabalhar para a construção do nosso Rito de Passagem no final do processo, já visando a nossa estréia no dia 19 de agosto na Galeria Olido.
Wolfgang e Maura Baiocchi presentes nos estimularam com algumas indicações de espaços (parques, ruas, casas, lugares de passagem) no sentido de pensar nas possibilidades múltiplas de concretizar espacialmente as nossas performances. Wolfgang pediu que cada um mostrasse o seu roteiro: num primeiro momento, só indicaríamos o nome do rito, a transformação, o local e o horário. Cada um pôde expor o seu rito de passagem. Algumas constelações foram esboçadas. Com o Olho da Menina Morta, Chiu quer dançar as pulsões de vida/morte e a sua passagem seria a Menina Morta que sairia do túmulo e passaria por aqueles que a impediriam nessa empreitada. Na fase final, Menina Morta transfigurada e liberta renasceria num novo mundo. Tal rito se daria no Largo São Bento, numa rua movimentada às 17:30 da tarde. Thiago propôs a transformação de sair para a luz e matar a insegurança. Há personagens que fariam a “mãe” e ele seria a mãe que mataria a insegurança. Adriana disse que gostaria de trabalhar com a superação do medo da fala e apenas com duas personagens dentro da sala de ensaio. Carol com o Rito da Serpente e a transformação de mudar a casca. Alda pensou na passagem de um estado de emparedamento para o estado de vida: do cimento “morto” para a matéria da lama. Simone escolheu Tensões Afetivas onde o caos emocional seria um fator essencial para a passagem. Maíra imaginou Oásis do Amor cujo fim seria vencer o medo e chegar a uma relação afetiva com o outro. O lugar seria numa rua cheia de pessoas. Salto sobre a sombra de Roger propiciaria um estado de agressão. Lilian, imbuída de um sentimento de querer deixar de ser menina para se tornar mulher, pensou na questão da identidade – Torna-te quem tu és. Rodolfo imaginou a relação humana com a alimentação e o consumo. Vlamir quer dançar a sua androginia, esse híbrido de ser Sibila, a Serpente Alada da Sabedoria e José, de modo singular, quer tornar-se xamã numa zona transitória. Patrícia com Fortaleza necessita de desequilíbrio e equilíbrio onde os seres que estariam com ela passariam por uma reflexão silenciosa.
Relator: Chiu Yi Chih
Relatório 26.05
Pato Marioli no ritual de Cleia
Un día variado. El trabajo se va incrementando a medida que pasa el tiempo y los días van volviéndose cada vez más complejos.
El día 26 de Mayo dividimos el encuentro en tres fases para poder organizar todo aquello que tenían que acontecer. La primera fase del encuentro fue el trabajo de esfuerzo. Realizamos un calentamiento alongando los músculos y luego hicimos trayectorias a lo largo de espacio de diversos tipos, entre ellos: pasos de capoeira, patadas, saltos, giros, etc. Para volver más interesantes aquellos desplazamientos provocamos –sólo durante algunas trayectorias- cambios de velocidad y cualidad de movimiento. Un paso básico se transformó en todo un mundo complejo para investigar. Aparecieron movimientos ágiles, lentos, duros, blandos, fuertes, suaves, entro otros; es decir, aparecieron los diversos universos del actor.
Esta fase continuó con la conformación de duplas que pesquizaban sobre las diversas cualidades halladas.
Destaco algunos factores claves de la utilidad de este tipo de training físico para el trabajo del actor: -conocer sus diversas sintonías corporales y las posibilidades de cambios que contiene; -explorar su relación con el espacio y el compañero; -explorar el imaginario que acontece durante el trabajo físico; -y ampliar la atención con respecto a los cuidados precisados ante los trabajos de mayor riesgo físico. El actor debe entrenar la pentamusculatura durante el trabajo de esfuerzo. Es decir, que más allá de hacer un ejercicio bien o mal, lo importante es ampliar los ejes desde los que puede partir la creación, profundizando la conciencia en espacio-tiempo de estas “5 musculaturas”: extranjera, interna, externa, transparente y absoluta.
Pasamos a describir la segunda fase de nuestro encuentro en la última cuarta feira de Mayo. Llegó una muy buena amiga de Maura llamada Ligiana, ella es de Brasilia y hace y enseña canto lírico. Ligiana hizo la carrera de Psicología desarrollando su maestría en Italia y su doctorado en Francia, sus estudios fueron siempre vinculados al canto lírico y la pesquiza sobre las funciones de la voz como amplio instrumento de trabajo.
Maura la invito para que nos convidara un poco de su trabajo y conocimiento. Por lo tanto en este segundo momento del día nos dedicamos al trabajo vocal, que por cierto también es un “training físico”. En poco tiempo logramos -como grupo de actores y no de cantantes- una armonía y afinación sorprendente. Lo cual nos permitió ver que si trabajásemos con nuestra voz de manera más cotidiana podríamos lograr innumerables cosas. Considero que afinar y conocer el instrumento corporal completo con el que contamos es una de las más eficaces e importantes herramientas del actor.
Ligiana nos dio una mínima información sobre la anatomía de la voz logrando que el grupo entero mejorara su capacidad de retención de aire y su circuito de respiración. Cantamos en escala y funcionamos como un coro, falto de experiencia, pero coro armónico al fin. Esto incentivó a muchos a continuar con la pesquiza vocal, lo cual personalmente encuentro muy interesante.
¡¡Ultimo momento!! No debíamos olvidarnos de uno de los grandes objetivos de nuestro NUTAAN: Los Ritos de Pasaje.
Rápidamente después de despedir a Ligiana, proseguimos con una introducción breve de cada uno sobre el tema y la transformación que se pretende que acontezca durante el rito. Fue un pequeño momento de apertura del individuo al grupo. Quedamos impresionados por la variedad y las diferencias existentes; cada uno creó una dramaturgia personal muy original. -Esto nos hace concientes de la infinidad de material que posee tan sólo un actor para la creación.
Esta instancia de “relato resumido” sirvió mucho a algunas personas que todavía hallaban dificultoso esclarecer el foco de transformación de su rito. Poner en palabras, compartir con el grupo y recibir las opiniones de los otros fue muy útil en este sentido.
El tiempo apremia; pero ¿cuándo es que no apremia el tiempo en esta sociedad actual? Los ritos ya están casi completos, falta desarrollar una exposición más amplia de cada uno para poder organizarlos en tiempo y espacio concretos.
Una niña muerta, la madre de la inseguridad, una mujer parlante, la serpiente que muda de piel, alguien que rompe sus cimientos, una reorganización emocional, una amante callejera, un agresor, una MUJER, un chef del consumo social, un urbanoide pronto para su baile natural, un chamán todavía inconsciente, la ancestralidad después del río muerto, la mujer sin cabeza y una caminata hacía el equilibrio; son algunas referencias sobre aquello que pronto acontecerá y sobre aquello en lo que sacrificaremos todo.
Un rito de pasaje orienta al protagonista a un estado pos-liminar. Sin embargo es preciso comprender que este estado es tan sólo el origen de un nuevo estado tensivo –pre-liminar- diferente que necesitará en algún momento de un nuevo rito de pasaje.
“A total ausência de tensão num determinado corpo só ocorre na morte quando, ao desintegrar-se, perde seu principio de identidade, na medida em que é incapaz de establecer qualquer tipo de tensão psicofísica consciente.”
Comprender esto permite entender que el trabajo del rito de pasaje no se termina en sí mismo, sino que pulsa nuevos universos tensivos que podrán ser desarrollados  posteriormente.
Obrigado.
Relatora: Pato Marioli.
Relatório 25.05 
Na primeira parte dialogamos com o Wolfgang a respeito do ritual de passagem, quando também foram discutidas possibilidade de otimizar o tempo e espaço de cada ritual, para abrir caminho para a fase final do projeto que são as apresentações na Olido. Foi anunciado também que haverá um novo músico convidado, cuja proposta é estar mais  próximo do processo e produzir um trabalho mais sintonizado com a performance de cada um.
Na segunda parte do ensaio foi proposta um exercício que une a Caminhada, a Caligrafia Corporal  (cada articulação do corpo como um lápis que escreve no espaço três frases, que podem ser trechos de um texto ou de uma música de livre escola de cada um, simultaneamente ao corpo, as frases são pronunciadas ou cantadas explorando o som) e os "três estados da matéria" do Mandala de Energia.
Na primeira fase da caminhada, as articulações escrevem no espaço a primeira frase e o corpo está em estado "ar", na segunda fase o corpo continua escrevendo agora a segunda frase em estado "água" em transição para o "pastoso " e na terceira e última fase da caminhada o corpo escreve no espaço a terceira frase em transição para o estado "pedra"; ao petrificar o corpo, ele novamente se solta falando ou cantando as três frases em estado "fogo".
Minha experiência com este exercício foi muito forte. Estabeleci uma relação com a canção que escolhi que se intensificou à medida que transitava de um estado a outro do corpo, e abriu caminho para o contato com uma memória afetiva intensa de um relacionamento antigo. Ao mesmo tempo estabeleceu-se uma teia sonora muito interessante no decorrer do exercício, feita de frases e sons.
Na terceira parte do ensaio realizamos o treinamento  denominado Esforço, com sequências de movimentos que exploravam a relação centro e extremidades do corpo dando atenção à energia das mãos em posições de controle, golpes no espaço e projeção do corpo inspiradas na capoeira: giros, cambalhotas, sequências de transição do ritmo lento ao rápido, individual e em duplas investigando a relação com o movimento do outro, ação e reação. Movimentos que exploravam a resistência do corpo com saltos e pulos utilizando a articulação do joelho, do quadril e dos pés em relação com outras partes do corpo.
Depois do intervalo realizamos a última parte do ensaio onde a Maura propôs uma investigação em dupla com o tema "metamorfose". Primeiramente cada um expôs o que vinha à cabeça quando pensava em "metamorfose", o que veio à minha cabeça foi a palavra "lobisomem". Depois foi proposto que escolhêssemos um parceiro, um de frente para o outro, realizaríamos trechos da mandala que foram o leão, o zerar e a onda, juntos, ao chegar no marítimo um dos dois senta e observa a performance do outro com o tema metamorfose. Depois troca. Ao final eu e a minha parceira Adri conversamos sobre a dificuldade e a maravilha de partir de uma palavra que no fundo tem a vem com a necessidade íntima de cada um. Dificuldade porque dá medo do descontrole e de não conseguir voltar do estado.
Maravilha por que quando se consegue chegar a algo verdadeiro tocamos o outro que observa. Foi o que aconteceu com nós duas.
Relatora: Cleia Plácido
Relatório – 21.05
 
Cheguei pela primeira vez atrasada (10 minutos) na sexta-feira. Ainda na energia da correria da rua, ao entrar, vi Wolfgang em minha frente e lhe pedi desculpas pelo atraso. Wolfgang estava conversando com o pessoal sobre a agenda com o Núcleo. As “sinceras” disponibilidades até o final do trabalho, ou seja, durante o processo e durante as apresentações. Aproveitou e conversou sobre a “disciplina” com os horários (depois de mim, outras pessoas foram chegando). Foram suas primeiras palavras: “o não adiantar pedir desculpas..., ocorre que não muda a situação”. O que eu concordo plenamente, mas “automaticamente” fazemos isto. Continuou tocando num assunto que eu particularmente acho bastante interessante principalmente pelo tema que estamos abordando. “O se querer fazer tudo ao mesmo tempo, e não fazer nada direito, por completo”. Em resumo, a contemporaneidade, as altas tecnologias, as demandas de compromissos, trabalhos, enfim... Deslocando-nos de um centro de concentração, tirando-nos a capacidade de direcionarmo-nos mais firmemente para nossos objetivos e de olharmos mais para nós mesmos.
Começamos os exercícios trabalhando a respiração: inspiração por uma narina (em 4 tempos), segurando o ar (em 10 tempos) e expirando pela outra narina, sucessivamente. Evoluímos para o preenchimento dos pulmões e tentando sentir o ar passando pela caixa torácica com o auxílio das mãos. Prosseguimos, deixando o exercício mais solto, livre, tentando observar um movimento, tentando ir nele e percebendo o mesmo se preencher dentro de nós e em torno do espaço ao redor de nós. Na próxima etapa foi realizada uma sequência de exercícios de esforços. Onde se trabalhou: planos (baixo, alto e médio), precisão, concentração, torção, resistência, alongamento, direção, foco, ritmo, etc. 
Depois do intervalo de 5 minutos, deu-se início a um trabalho mais interno, começando por uma conversa sobre a ancestralidade – “aspectos oníricos podem ser mais fortes, mais potentes, do que a real descendência, por exemplo”.O que pensamos, sabemos, sentimos sobre nossa ancestralidade?
Pares foram formados e cada integrante conversou por 15 minutos sobre sua ancestralidade com seu parceiro (a).
Partimos para a realização da Mandala, mas com um tema específico para ser trabalhado no momento do marítimo: “realizar uma descida ao submundo, à região dos mortos, e lá encontrar os ancestrais. Antes, procurar a auto-aniquilação; a própria morte. E, depois de realizados os encontros, reconhecer dentre eles, o que atribuirá, facilitará, num gesto, ação ou objeto, o regresso, o voltar”.
Fechada a Mandala, foi aberto para comentários sobre o exercício. Várias pessoas contaram o que sentiram e como lidaram com a experiência.
Ao final Wolfgang fez algumas colocações que achei importante, tentarei reproduzi-las:
  • A importância da confiança em suas impressões, em suas ações.
  • Confiar mais em sua construção, em sua narrativa.
  • Dar mais importância, explorar mais algumas sensações – quando vierem.
  • Procurar ir mais longe na exploração do pequeno – aquilo que parece pequeno.
  • Canalizar mais para o movimento. Tentar transformar energia em movimento.
  • Trabalhar a energia cinética.
  • Levar suas ações ao extremo. Esgotá-las. Ir além delas. Deixar com que se transformem em outras coisas.
 Relatora: Nancy Macedo
Relatório - 19.05
Wolfgang propôs no início do encontro uma conversa sobre o Rito de Passagem, no qual solicitou que um dos integrantes expusesse para todos o que entendeu sobre o procedimento citado, conforme relatado no livro Taanteatro.
O José Eduardo iniciou a explicação, fazendo uma analogia entre o rito de passagem e a filosofia oriental, no qual há a necessidade de três momentos específicos e, mesmo sendo um processo individualizado, há a necessidade de integrar-se ao todo e permitir que o núcleo faça parte dos desdobramentos, com o intuito de auxiliar na transformação proposta.
Surgiram diversas dúvidas, principalmente no que diz respeito ao modo como devemos utilizar os outros performers, sobre as questões filosóficas, sobre as práticas que permeiam o ritual de cada integrante, etc.
Algumas dúvidas que surgiram:
Todos os performers devem participar do ritual?
Partindo do pressuposto que não temos controle sobre o resultado da transformação proposta pelo ritual, como podemos definir a terceira parte (última parte do ritual)?
O mandala de energia pode ser considerado um rito de passagem?
Parte dos esclarecimentos:
Temos uma grande liberdade para montar o roteiro, incluindo a escolha dos performers para as funções estabelecidas, de acordo com a nossa proposta. Entretanto, o objetivo é que todos participem – conforme colocação da Bia – Taanteatro é teatro coreográfico de tensões, ou seja, a amplitude do material humano no ritual é um grande potencializador com poder de amplificar a gama tensiva – o que enriquece as possíveis relações que o ritual propõe. Há total liberdade para definir funções para as pessoas, conforme a vontade de cada um, utilizando o que conhecemos de cada performer.
Há uma grande importância em sermos generosos com os colegas, enorme necessidade de nos entregarmos às propostas integralmente, pois disso depende o sucesso da transformação do protagonista. Precisamos também procurar nos envolver efetivamente, interagir, permear e permitir que a situação nos permeie em todos os níveis, independente de termos sido “solicitados” ou não pelo protagonista. Entretanto há que se ter bom senso, para não fugir do núcleo proposto pelo colega.
Desde o início há uma proposta temática, que permeia as questões da ancestralidade e meio urbano, entretanto o mais importante é que cada um vivencie efetivamente o que deseja no ritual, mesmo que se distancie do tema. Possui função de um norteador que, dependendo do resultado do processo, poderá auxiliar na montagem do espetáculo final.
Wolfgang nos mostrou diversos exemplos de ritos de passagem, para que houvesse um entendimento de como poderíamos proceder na montagem do roteiro, ajustando a necessidade com a possibilidade prática de realizar o ritual, lembrando de todos os detalhes que envolvem o rito: objetos de cena, figurino, música, ambientação, etc. Precisamos pensar na logística, uma vez que somos um grupo grande de pessoas, tudo o que implica o deslocamento pela cidade, etc.
Sobre a dúvida da Alda - terceira parte do rito - percebemos que o ritual de passagem pressupõe uma espécie de “LUGAR” que queremos habitar, que temos o desejo de chegar, objetivo de nos tornar. Existe algo que nos motiva, que não temos total consciência, mas que se configura como um “ponto de chegada”. O processo do rito de passagem permite uma abertura em direção a este “LUGAR”, mesmo que seja totalmente diverso do esperado pelo performer. O exemplo utilizado foi o de uma flor em botão. Sabemos que ela irá abrir, mas não sabemos como, quando e se de fato ocorrerá, a consciência se limita a uma possibilidade cabível, mas se não for vivenciada, não há meios de acessar o que de fato ela é, quando vir a ser. Sendo assim, a terceira parte do rito, enquanto projeto limita-se a uma pretensão: potência com capacidade de gerar resultados. Quando realizado, irá se transformar em um desdobramento do núcleo tensivo dos performers.
Segundo Wolfgang, o mandala de energia também se configura em um rito de passagem, pois tem como objetivo nos levar de um estado cotidiano para um estado extra-cotidiano, ajustando a pentamusculatura em determinado nível de profundidade, através do qual acessamos a diferenciação necessária para criar, encontrando situações não vivenciadas anteriormente.
Ao final explicou todos os itens do roteiro grade, que utilizaremos como base para direcionar o nosso ritual, bem como para apresentar aos demais participantes. Esta grade deverá ser entregue nas próximas semanas.
A nossa conversa durou cerca de duas horas, com certeza existem muitos outros detalhes que foram tratados, que podemos complementar posteriormente.
A parte prática iniciou com a passagem das fases do mandala, relembrando detalhes que ainda não estavam muito claros para todos. Começamos com uma passagem rápida, quase técnica, entretanto a partir do exercício do coração, houve maior inclinação a efetivar o exercício. Já na parte dos estados da matéria, ocorreu envolvimento na proposta de forma mais profunda, culminando no mar-ritmo tão profundo quanto nos dias anteriores. Após alguns minutos realizando a prática em silêncio, Wolfgang colocou algumas músicas instrumentais e sugeriu iniciarmos o pensamento sobre a ancestralidade. Após longo período de improvisações, interações entre os performers, Wolfgang dividiu o grupo em duas partes, em lados opostos da sala. Um grupo realizou o exercício da caminhada, enquanto o outro apenas assistiu e recebeu os colegas ao final. Eu, por ter participado da Caminhada, senti que foi um trabalho muitíssimo forte, e que o grupo todo estava unido, como um cardume de peixes, a movimentação acontecia em massa, e ao chegarmos no final fomos ao encontro de um parceiro, que nos recebeu da forma que achou melhor. Em seguida fizemos uma roda, e a palavra do dia foi sugerida pela Bia: “assim”. “Assim”, foram fechados os trabalhos de hoje.
Relatora: Simone Xavier
5º Encontro –18.05.  
Hoje, iniciamos o trabalho dum modo diferente: Wolfgang apresentou a nova videoenvironmentperformance de Maura Baiocchi, intitulado DAN: devir ancestral. Isto ajudou os integrantes da formação a ficarem mais integrados com a proposta de pesquisa do grupo e mais familiarizados com o seu trabalho atual.
A seguir, partimos para uma seqüência de esforço: aquecemos o corpo gradativamente, passando pelos pés, panturrilha, tronco e, por fim, o corpo todo através de trabalho com saltos e algumas apropriações de exercícios vindos da capoeira. Wolfgang ressaltou a importância da evolução qualitativa do trabalho: depois das questões básicas já absorvidas pelo performer - como a coreografia do exercício -, sempre é importante avançarmos qualitativamente em outros tópicos, por exemplo, detalhando o foco de cada ação e deste modo refinando a intenção de cada uma. Para exercitar estes outros aspectos (foco, intenção, etc.) fizemos alguns exercícios com parceiros. Assim, enquanto uma pessoa exercia a função de atacante, o outro podia auxiliar sendo o alvo/guia. Wolfgang ressaltou que a evolução do exercício deve caminhar para uma fluidez cada vez mais natural entre todos os fatores trabalhados ao mesmo tempo.
Encerrada a primeira parte, fizemos pela primeira vez a Mandala Corporal completa. Inicialmente, recordamos a ordem das danças que integram a Mandala. Em ordem, são elas:
Dormir/Acordar
Zerar
O Arco, a Flecha e o Alvo
Coração e o Poder da Serpente
Estados da Matéria
Onda
Marítimo
Wolfgang e Valter ainda ressaltaram a importância da doação psico-física para o trabalho, pois o treinamento é um trabalho sutil e contínuo, que demanda uma entrega do performer a fim de que a criatividade e a sensibilidade possam estar ativas numa presença integral do ator desde o início do exercício (o ciclo da Mandala, neste caso). Desta vez, a improvisação do Marítimo teve tema livre.
Relator: Roger Valença  
 
4º Encontro - 14.05
Começamos o treino de sexta-feira com Maura lembrando que teria de se ausentar para resolver questões referentes ao vídeo do espetáculo DAN, mas, antes passaria as etapas seguintes do mandala de energia corporal. Explicou que mandala é um termo masculino para os tibetanos. Falamos ainda da grande instrumentalização da técnica nos mais diversos públicos e de como as crianças têm maior facilidade para entregar-se às danças propostas, mesmo fazendo-as de modo simplificado.
Começamos relembrando a sequência do arco-flecha-alvo e as posições do yoga, com ênfase nas respirações, torções e direcionamento energético.
Após a preparação, aprendemos a dança do coração, que consiste num trabalho imaginativo de visualização do coração enquanto músculo emocional. Assim, trata-se de reunir uma quantidade de energia da atmosfera, dando-lhe cor e forma imaginariamente com o auxílio das mãos; depois deve-se massageá-lo e limpá-lo. Foi comentado ainda o quanto esse trabalho assemelha-se com propostas que a psiquiatria tem para seus pacientes, no entanto essas normalmente têm como objeto o cérebro e não o coração.
O próximo passo foi a dança do poder da serpente – kundalini - desta vez trabalhamos com o chakra base que fica entre o períneo e o ânus. Para tal, materializa-se entre as mãos uma quantidade densa de força e a introduzimos no ponto mencionado, a partir daí tal força caminha corpo acima passando por todos os órgãos até chegar a cabeça e sair pelo topo, quando transforma-se numa queda d´água e cai sobre o corpo do dançarino levando-o para o chão, onde este realiza as posições do yoga, já mencionadas.
A penúltima dança a ser aprendida foi “os estados da matéria”, na qual o corpo mimetiza-se com o ar do ambiente e transita entre líquido, pastoso, sólido até sublimar ao ar e por conseguinte ao fogo. O processo é todo através da tensão muscular e respiração. Na sequência dançamos a “ola”, quando o corpo transforma-se em onda e propaga essa tensão para o espaço, tal dança segue até que o dançarino transforme-se em mar, a partir daí dança-se o “mar-rítmo”. O “mar-ritmo” é a última dança do mandala e consiste numa sequência de improviso para a criação - dessa vez o tema escolhido foi o próprio mar.
A última dança realizada foi o dormir/acordar, com a finalização do leão - que tem várias representações na yoga, mas que no mandala, consiste em uma postura vertical com quatro vetores distintos. As mãos pressionando a nuca para a frente, a cabeça tensionada para trás, a cintura pesando o quadril para baixo e o peitoral para cima, deixando a coluna reta.
No bate-papo final, fomos alertados do poder de manter o olhar em terceiro olho e como isso pode tornar-se um lugar comum. Também falamos da disciplina mínima para fazer um bom mandala e ao mesmo tempo da liberdade que cada dança oferece.
Relatora: Ana Beatriz Almeida  
3º Encontro - 12.05
Atividades em duas etapas: 1ª etapa das 14:00 as 17:00;  2ª etapa das 17:00 as 21:00.
1ª etapa - Conversa com Wolfgang sobre a leitura do livro “Taanteatro – Teatro Coreográfico de Tensões”. Expusemos dúvidas que surgiram no decorrer da leitura. Discutimos sobre a esquizopresença, as tensões, o modo de estar em cena desvinculado de quaisquer codificações ou juízos de valores, em como não se economizar numa dinâmica cênica cooperando com cem por cento do que podemos oferecer. Em seguida partimos para a prática do esforço com exercícios que mesclam variação de dinâmica e de tonificação muscular, exigindo agilidade, precisão e atenção do corpo como um todo. Encerramos a primeira etapa com conversa de divisão de tarefas.
2ª etapa - Ministrada por Maura Baiocchi. Foi o primeiro encontro com ela. Nos apresentamos e tiramos algumas dúvidas sobre a Mandala de Energia, que seria o estudo do dia. Após a conversa, partimos para a prática da Mandala. Maura nos explicou passo a passo três etapas da Mandala: primeiramente aprendemos a zerar – joelhos semiflexionados, abdômen e assoalho pélvico acionados, língua no céu da boca, visualização do terceiro olho ou olhar diagonal baixo com as pálpebras levemente cerradas, mãos interligando a primeira consciência (centro) com a Terra e calcanhares fora do chão. Tentar reunir todos esses elementos no corpo para zerá-lo. Em seguida, partimos para a sequência do arco, flecha e alvo – uma prática que aborda exercícios respiratórios acoplados com flexibilidade, equilíbrio e tonificação, seguida dos estados da matéria: gasoso (ar), líquido (água), pastoso (barro), sólido (pedra) e passagem do sólido para o gasoso (fogo) – um exercício onde a imagem é extremamente importante; e para finalizar fizemos uma parte da sequência o poder da serpente.
Para finalizar esse segundo encontro tivemos mais uma conversa a respeito das nossas experiências e dúvidas com relação à Mandala de Energia e à disciplina oriental.
Relatora: Adriana Coldebella
2º Encontro - 07.05  
 
Após alongamento breve, passamos à Caligrafia corporal. Este exercício de aquecimento das articulações e de criação, nesta ocasião feito em duplas, consistia numa caminhada de encontro. Cada participante (vindo de um lado da sala) realizava uma “dança de apresentação” e escrevia, como os movimentos de suas articulações, as letras de seu nome, dirigindo sua ação ao parceiro enquanto mantinha contato visual com o mesmo. A caligrafia corporal se realizava através de um deslocamento da escrita pela diversas articulações do corpo (p.ex. da mão até o pé, atravessando diagonalmente o corpo).
A seguir retomamos uma seqüência de Esforço com exercícios variados de atenção, agilidade, concentração, coordenação, flexibilidade, foco, precisão, prontidão, aquecimento.
Wolfgang ressaltou a importância de iniciar e encerrar com precisão cada seqüência de movimentos, e enfatizou a expansão dos movimentos e seu diálogo com o espaço.
Após o intervalo trabalhamos uma Caminhada (duração total: 30 min (15min ida/ 15 min volta). Instruções relativas à caminhada:
  • Deslocamento linear de uma ponta a outra da sala
  • Exploração de diferentes tipos de respiração.
  • Alteração de planos (baixo, médio e alto)
  • Deixar o pensamento livre sem julgamentos da ação físico
  • Percepção de qualidades sonoras vindas de ambiente.
Após o término da caminhada, cada participante falou sobre a sua percepção em relação ao exercício.cWolfgang falou um pouco sobre o conceito de pentamusculatura e pediu para que lêssemos o capítulo 2 do livro Taanteatro para aproxima aula. Relatora: Lilian Soarez 
Abertura dos trabalhos - 06.05
Nosso primeiro encontro iniciou-se dia 06 de maio de 2010 às 17 horas na Sala Azul da Galeria Olido. Primeiramente postamos uma mesa com lanches para conversarmos com todos os integrantes, para que todos pudéssemos nos apresentar individualmente e travássemos um primeiro contato.
Depois da apresentação individual de todos, Wolfgang relatou resumidamente sobre os processos com os Núcleos antigos e falou sobre a trajetória da Taanteatro. Abordou aspectos da prática Rito de passagem que será o foco central dos trabalhos do atual Núcleo. Falou também sobre a importância de formarmos subgrupos para administrarmos as diversas áreas envolvidas no projeto, com ênfase na documentação/registro do nosso processo de trabalho. Depois, discorreu sobre aspectos do resultado final esperado.
Assinalamos que gostaríamos do empenho e total entrega de todos nos exercícios propostos. Valter chamou a atenção para o caráter de entrega mental que será desejado principalmente nos exercícios de Mandala de energia e outros, como Caminhadas e mar-ritmo. O ideal é que deixemos o racional um pouco adormecido e nos entreguemos mais aos insights do inconsciente, deixando fluir um estado mental aproximado do transe, para a perfeita fruição do exercício. Sem esquecer, obviamente de estarmos sempre com as rédeas sob nosso controle.
Após a conversação, iniciamos uma intensa sequência de Esforço. Em seguida, uma breve massagem shiatsu e encerramento.
Relator: Valter Felipe