Relatório 15.09
Treinamento Nutaan 2010
Metodología Taanteatral
Día para lembrar puntos importantes: Mandala-Esforço-Camiada
Esta cuarta feira (miércoles) fue intensa, pues decidimos –y necesitábamos- hacer un registro del trabajo que realizamos durante 4 hs todas las terças, cuartas y sextas feiras de la semana. La fotógrafa Ines Correa fue convidada al encuentro con ese objetivo: registrar nuestros pasos durante el ensayo.
Comenzamos con un alongamiento lento e individual y luego realizamos el mandala de energía corporal cuasi completo, algunas personas realizaban el pasaje del corazón y otros el de la serpiente. Pues entonces quedaba un grupo realizando: -dormir –acordar –león –arco y flecha –corazón –ejercicios de alongamientos y yoga –estados de la materia –ondas, y por ultimo –marítimo. El otro grupo realizaba exactamente lo mismo sólo que en vez de corazón realizaba la serpiente.
Me voy a detener sobre el mandala de energía corporal, para recordar de qué se trata a nivel general. Este mandala pesquisado e inventado por Maura Baiocchi, consiste en una serie de ejercicios (posturas físicas y pasajes psicofísicos) destinados a estimular la pentamusculatura, es decir, todo nuestro cuerpo físico, psíquico y sensoperceptivo. Más allá de la relevancia de la forma de estos ejercicios (que poco vale detallar aquí), la importancia se centra en los universos imaginarios que se activan para estimular estas musculaturas que nos componen. Por ejemplo, durante el pasaje del corazón –que consiste en llevar un cúmulo de energía hacía nuestro corazón y con aquella fuerza quitarlo de nuestro cuerpo para darle lo que necesita como masajes, calor, frío, moldura, etc. y volverlo a colocar en el centro de nuestro pecho- se activa una idea clara para realizar algo materialmente imposible, sin embargo este imaginario permite trabajar y calentar un área creativa necesaria para el Performer.
Todos los ejercicios del mandala trabajan de esta manera; no sólo mantienen posturas físicas especificas y aprehendibles, sino que estimulan aquellos universos tan necesarios para quien “hace” logrando así una integración y atención-tensión completa del Performer.
El último pasaje del mandala es el marítimo que consiste en sumergirse en un espacio de creación libre, generalmente ligado a pautas de exploración anteriormente combinadas por el grupo. Este día “combinamos” que cada uno explorara aquel momento del espectáculo que hallaba necesario para sí -opinando que quizás fuera mejor pesquisar sobre los monstruos y las cáscaras sociales.
Yo particularmente necesitaba “mergullar” en mi jardín suspenso, así que dediqué todo mi marítimo a la exploración de nuevos movimientos e imaginarios relacionados a ese universo en suspenso que trabajaré durante el próximo sábado en RIT.U.
Luego realizamos nuestra rutina de esfuerzo. Los ejercicios de esfuerzo son movimientos físicos específicos que se trabajan caminando de una punta a la otra del espacio coordinando el ritmo de a dos o tres compañeros de trabajo; son saltos, fuerza de brazos, piernas, patadas, capoeira, y algunos otros inventados por nosotros mismos.
Este trabajo de esfuerzo generalmente dura una hora u hora y media sin detenerse. Sorprendentemente, ese día, más allá de algunas detenciones provocadas por la fotógrafa –Ines- el esfuerzo fue agudo.
Finalmente faltando unos 20min para abandonar la sala Azul de la Galería Olido realizamos una caminada. Las caminadas son, también, desplazamientos de un punto a otro del espacio donde se trabaja sobre una pauta especifica, sólo que en este caso el objetivo es de “exploración creativa”. Este día realizamos una caminata que anteriormente había propuesto Isa Gouvea para nosotros; consistía en dejar al cuerpo hablar, escuchar las necesidades del propio cuerpo -sin imponer formas de movimiento- y llevar estos desplazamientos a su extremo en tensión con su desplazamiento opuesto, una vez allí en su extremo tensivo escuchar su nueva necesidad de movimentación y así direccionarse por el espacio hacia al punto final. Teníamos 20 minutos para realizar dicha caminada. Ésta es una de las caminadas que trabajas específicamente sobre los vectores de tensión que uno maneja en cada movimiento. Desde mi punto de vista es un excelente entrenamiento de consciencia corporal completa, pues en ningún momento debe abandonarse ninguna parte del cuerpo, la presencia se torna visible desde cualquier ángulo.
Como podrá observarse este día fue intenso. Wolfgang nos acompañó y dirigió en todo momento e Ines sacó una buena cantidad de fotos, de las cuales aún esperamos tener noticias. Creo que éstas son muy útiles para acompañar este tipo de explicaciones ya que ser clara en la descripción de ejercicios físicos es una tarea bien difícil.
Obrigado y hasta la próxima!
Relatora: Ana Patricia Marioli
Relatório 08.09
Cena da devoração dos Monstros em Rit.U
Para o encontro do dia 08.09 estava programado dar continuidade à cena da “devoração dos monstros” e passar para a cena da “caminhada da venda dos órgãos”. Mas devido a ausências que não eram esperadas, iniciamos o dia de trabalho reprogramando o dia para que pudesse ser o mais produtivo possível.
Como estávamos só nós do Nutaan, sem nenhum dos monitores, discutimos um pouco e coletivamente chegamos ao acordo de fazer um breve aquecimento, seguido de esforço, concluir a cena da “devoração dos monstros” e passar para a cena das “caixas” e “cascas e cachorros”, pois para realizar um trabalho depurado na cena da “caminhada da venda dos órgãos” mostrou-se imprecindível a presença de todos.
O Vlamir conduziu um aquecimento, propondo um espreguiçar dinâmico e crescente, com deslocamentos pelo espaço, jogo com o outro, culminando numa explosão de fogo, pontuada com pausas e percepção dos estados corporais.
Em seguida realizamos o Esforço. A solicitação de muitos dos integrantes foi para que fizessémos um Esforço bem produtivo pois já sentia-se perda no condicionamento físico. E assim deu-se um treinamento muito profícuo onde cada integrante alternadamente sugeria o exercício a ser feito de forma precisa e cuidadosa. Finalizamos essa etapa com algumas séries de abdominais.
Depois de um breve intervalo concluímos o exercício de apropriação dos movimentos dos monstros. Faltavam o monstro da Tatiana e o meu (Alda), já que o monstro do Rodolfo e o da Bia já haviam sido trabalhados na sexta-feira passada.
Cada uma de nós fez seu monstro e os outros observaram e experimentaram em seus corpos aqueles movimentos, afim de incorporar a energia e as tensões da movimentação e não num sentido de cópia.
Seguimos para a cena propriamente dita. O grupo que realiza a devoração foi experimentando a passagem dos movimentos de acordo com a sequência dos monstros devorados (Bia, Rodolfo, Tati e Alda). Ficou melhor resolvido o modo como carrega-se a Tati e “quem” e “como” arrasta-me (Alda) depois do momento do sal grosso. Definimos as posições de cada um na saída pela diagonal e definiu-se também que a prioridade é ter o foco na devoração até o centro do palco e só do centro para o fundo que iremos focar no “tirar a roupa preta” e ir dispersando, tentando manter um "aglomerado" e não uma "fila".
Por fim, dividimos o grupo nas duas cenas iniciais (Cascas-cachorros e Caixas) e enquanto um grupo realizava a cena o outro assistia e comentava e vice-versa.
Encerramos o encontro com a palavra RESPONSABILIDADE, satisfeitos pela produtividade e pela positiva RESPOSTA do grupo aos nossos próprios encaminhamentos, certos de estarmos criando juntos uma autonomia coletiva em nosso processo.
Relatora: Alda Maria
Lilian em seu Jardim Suspenso
No ensaio de hoje tivemos a participação de apenas oito integrantes (Wolfgang, Adriana, Alda, Cleia, Zedú, Roger, Lilian e Tatiana).
Acertamos alguns detalhes referentes à entrega de documentos (xerox de DRT), e sobre a documentação do trabalho (fotos). Depois iniciamos uma Mandala, com o intuito de realizar o ensaio das cenas dos Jardins Suspensos durante o Marítimo.
Wolfgang havia sugerido que fizéssemos mandala em dupla e que ao entrarmos no marítimo, uma das pessoas ficasse observando, enquanto a outra apresentaria sua cena do jardim suspenso. Porém, acabamos não seguindo a sua orientação e realizamos o trabalho de mandala coletivamente, ao chegarmos no marítimo, dividimos o grupo em dois, metade assistiu, enquanto a outra metade apresentou, depois trocamos e comentamos as cenas feitas.
Segue abaixo alguns comentários que anotei sobre as observações do Wolfgang em relação aos trabalhos apresentados hoje.
Cena: Jardim Suspenso
Sobre a Tatiana:
· Base frágil, passos pequenos, gestos pequenos - ampliar os gestos!
· Pensar qual é a motivação do monstro? O que faz com que o monstro saia do lugar?
· Perceber como a aproximação do espectador afeta o seu corpo. Desenvolver uma evolução, e a percepção de que está sendo visto.
Sobre a Adriana:
· Ainda tem muita dança contemporânea, utilizar mais as técnicas da Taanteatro.
· O que você pode fazer que vai além da dançarina contemporânea? O que você pode fazer que fale de ti? O motivo deve permear o trabalho, algo tem que estar acontecendo aqui e agora em você que seja capaz de mover algo na minha vida, tem que ser algo forte para poder comunicar.
· Trabalhar os pontos fortes, trabalhar os detalhes, a ação deve ser levada ao extremo!
· O gesto tem que ter um porque, tem que ter uma necessidade, uma vontade (não é psicologia), um mistério.
· Explore o movimento ao extremo!
Sobre a Alda:
· Sua imagem provoca a sensação de estranhamento e beleza.
· O contato com a sua própria pele parece indiferente - plasticamente é interessante, mas você deve pensar: será que cada papel chega com mesma velocidade?
· Tenha consciência não só das partes que estão cobertas pelo papel, mas também das partes que estão descobertas.
· Qual é a sua respiração? Criar uma respiração intencional, respiração pode ser um contraponto à sua ação.
· Trabalhar o contato com a água (ela não pode ser só um dispositivo para colar), o ruído, as gotas que escorrem pela pele... Observar o "tocar-se", você toca a água, a pele, o papel.
· Modular as velocidades, temos que sentir você sentindo.
Sobre a Lilian:
· Trabalhar inclinações do tronco - não descansar a coluna, não encontrar o eixo 100%.
· Atenção aos ombros e peito, ampliar o externo e as axilas.
· Abrir espaços - palmas, dedos, cotovelo, etc.
· Explorar o feminino - abrir as pernas - ter consciência da região genital.
· Trabalhar a sensação de leveza, pó acariciando a pele, deixe a pele falar.
· Trabalhar a força das oposições, o que cai e o que sobe.
· O desenho está claro, sustentar as posições e se concentrar nas transformações.
Sobre o Roger:
· Pensar, trabalhar a distância entre as pedras e o corpo.
· Pedras como protagonistas - trazer as pedras para o centro da mandala.
· Explorar o ruído das pedras, a dureza das pedras - orquestrar os barulhos.
Obs: A Cléia não apresentou a cena por estar machucada.
O Zedú apresentou , porém, por ter sido o primeiro, acabei não tomando nota dos comentários sobre a sua cena.
Relatora: Lilian Soarez
Relatório 25.08
No encontro de hoje, estiveram presentes: Eu (Vlamir Sibylla), Alda, Carol, Rodolfo, Patrícia, Roger, Lilian, Cléia e Simone. Aproveitamos os primeiros momentos para juntos definirmos um plano de trabalho visando nossa próxima apresentação dia 25 de setembro às 17 horas (ATENÇÃO AO HORÁRIO), no LUGAR, espaço do João Andreazzi na Augusta, dentro da Mostra do Fomento. Esse planejamento será encaminhado a todos pela Alda.
Em seguida, começamos uma sequência de esforço. Devido ao estado de alerta em São Paulo pela secura do ar, fizemos um trabalho relativamente mais leve em comparação ao que costumamos praticar. Wolfgang fez algumas inovações num exercício, trazendo a pontuação do ritmo pelo pé, estimulando também a afinação de um ritmo coletivo.
Ao fim da prática, fizemos uma breve pausa, com Wolfgang contando a experiência da Taanteatro em Moçambique: as diferenças culturais de cada país, a desconstrução da gramática gestual/corporal dos bailarinos moçambicanos através da metodologia da companhia.
Maura apareceu para enriquecer nosso encontro e seguimos trabalhando a cena da potência, com um olhar mais focado em cada performer.
Algumas dicas e toques coreográficos do Wolfgang e da Maura visando a melhoria da cena e pentamusculatura de cada performer:
- atitude nas mãos e braços, clareza, presença, definição e objetividade no olhar.
- Rodolfo precisa trabalhar com o cabelo preso, para abrir seu rosto. Sua tendência é se esconder dentro de seu cabelo, fazendo com que isso apareça em seus movimentos (um pouco para dentro, também) – ampliar.
- Patrícia precisa fazer tudo maior com os braços e mãos (e firmar sua atitude com os mesmos), pegar o chão com vontade e ampliar seu giro e salto.
- Lílian correr como se quisesse pular na platéia.
- Carol, colocar mais definição também nos braços e mãos, potencializando seus saltos e colocar um riso mostrando todos os dentes no rosto.
- Alda definir melhor a passagem pela vela que ela faz em sua sequência e colocar um movimento de cabeça que vai em direção oposta ao giro que ela realiza.
- Roger também mais atitude nos braços e mãos quando dá sua chacoalhada.
- Zedú, por ser grandão precisa ir para trás quando o grupo recua de costas.
- Eu, parar com os joelhos mais dobrados, uma perna na frente da outra, trabalhando explosões de movimento a partir de um “motorzinho” interno, junto com a contenção, envolvendo também o quadril e outras partes do corpo que reverberam essa musculatura interna e as estrangeiras (dança dos colegas e toda a atmosfera do momento).
- Para todos: base (joelhos mais dobrados e pernas uma à frente da outra).
Explodir na corrida (não dar um arranque para depois ir).
Surpreender o expectador (não “avisar” qual o movimento que irá fazer).
Trabalhar, quando estiver de costas, os braços, ombros, espaço das axilas, mãos nos quadris (referências: eu e Alda).
Trabalhar o tronco abaixando, escondendo a cabeça (referência: Lilian).
Retomar o jogo de quando um colega chega do meu lado, automaticamente corro para frente ou para trás, para favorecer a surpresa e não nos acomodarmos no conhecido, (lembrança da Alda).
E também, para melhor organizarmos nosso trabalho até o dia 25, trabalhar o foco e evitar dispersões e opiniões demais. Organizar melhor as coreografias, sem perder a espontaneidade, mudando o vocabulário do “machucar”. Com organização, foco, atenção e disciplina isso automaticamente se elimina. Contamos com a colaboração de todos para irmos em frente e fazermos nossa próxima apresentação 5 vezes melhor do que as 4 anteriores.
Relator: Vlamir Sibylla
Relatório 24.08
Janaina - ensaio de Rit.U
Depois das apresentações, no ensaio de hoje, paramos para apenas conversar, ver algumas fotos do espetáculo e discutir os aspectos positivos e negativos das apresentações e do convívio geral. Começamos a fazer um planejamento, não apenas de agenda, mas, de metas a serem atingidas, aprimoramentos necessários e também das ausências e do pagamento.
Wolfgang discorreu sobre a feitura do livro a respeito do rito de passagem, seus modos de construção, a nossa participação nele, que será por meio dos textos, relatórios, fotos e tudo mais que produzimos, e que em grande parte está publicado aqui no blog.
Nutaan em ensaio de Rit.U
Refletimos que realmente estruturamos um verdadeiro rito, pois nós, os atores/bailarinos nos transformamos; mas, o público também e o rito tem este poder, de se manifestar tanto para quem vê quanto para quem faz. Houve uma transformação coletiva, é claro que alguns acabam sendo atingidos mais intensamente do que outros, mas isso, não anula seu poder. E isto ocorreu, pois fizemos com que o público participasse do rito, adentrasse nele e com a velocidade com que o trabalho se estabelece, que é bem intensa. Faz-se necessário sabermos melhor as tensões, as cores de cada movimento, de cada gesto e de cada cena. E vamos entender fazendo, na prática, tornando cada vez mais concreto e rigoroso sem perder jamais a espontaneidade, a vibração, a febre que o rito necessita.
Como todos ficaram bem empolgados com as apresentações, foi sugerido fazermos alguns ensaios abertos, na rua, como foi feito cada rito individual, para assim, podermos experimentar, experienciar e ter as possibilidades da rua; então, foi estipulado ser na Praça Roosevelt. Mas, isto será possível, desde que este ensaio aberto seja como uma apresentação, tendo os vídeos, as músicas e tudo mais o que utilizamos. Assim, esta será a volta da origem do rito.
Relatora: Janaina Ribeiro
Relatório 19.08
Carol em ensaio geral de Rit.U
Dia de estréia do espetáculo Rit.U do núcleo Nutaan. Chegamos ao teatro por volta das 16 horas. Preparamos nossos figurinos, objetos de cena, nos estabelecemos e nos organizamos no camarim. Às 17 horas todos se encontraram no palco para receber orientações do Wolfgang, que nos fez indicações sobre cenas e também localização dos performers em relação ao cenário. Após esta conversa foram estabelecidas as atividades a serem executadas antes do início do espetáculo. Assim, depois do alongamento, ensaiamos a cena da venda de órgãos, devoração e Dança da Potência. Finalizamos esta etapa e voltamos ao camarim para nos prepararmos para o espetáculo. Retornamos ao palco por volta das 19 horas, Wolfgang estabeleceu as seguintes sequências do mandala de energia corporal: despertar do leão, coração, poder da serpente e marítimo como aquecimento e concentração do grupo. A mandala foi realizada de maneira bem intensa; durante este momento o grupo conseguiu atingir uma conexão entre os integrantes. Fechamos a mandala com a palavra Rit.U. Em seguida cada performer assumiu sua posição e se preparou para o início de nosso grande Rito (.U).
Realizamos o espetáculo com bastante intensidade, mas também com muita ansiedade, fazendo com que este estado energético repercutisse em algumas cenas, como, por exemplo, na caminhada e venda dos órgãos e na dança da potência. Tivemos alguns acidentes com objetos de cena e com um de nossos companheiros (Rodolfo). Mesmo com estes imprevistos fomos recebidos pela platéia de forma bem generosa. Finalizamos o Rit.U conscientes dos acontecimentos, entretanto felizes por termos vivenciado este momento.
Voltamos ao camarim, nos abraçamos, celebramos a realização do dia e nos preparamos para deixar a Galeria Olido. Os comentários e indicações ficaram para o dia seguinte. Ficou combinado de nos encontrarmos no dia 20 de agosto às 17 horas.
Relatora: Carol Greco
Relatório 13.08
Iniciamos o aquecimento com movimentos sugeridos pelo grupo. A coordenadora Isa pediu que cada um sugerisse um movimento específico. Assim, mesmo que não houvesse algum coordenador do Nutaan dando-nos uma sequência de exercícios, fomos capazes de propor, criar e realizar os nossos movimentos.
Depois do aquecimento, realizamos o exercício da mandala. Cada um percebeu o seu ritmo interno. E cada pessoa tentou, de alguma maneira, fluir da melhor forma possível. É interessante observar que, após a realização da mandala, ocorre algo extremamente potente. Cada um captura a alma de seu próprio movimento. Aprimora e busca sempre a autosuperação. Tão potente é essa autosuperação que cada um de nós, na hora de ensaiar as cenas, acabamos criando formas e coreografias inteiramente inusitadas.
Antes de ensaiarmos propriamente as cenas do espetáculo Rit.u, ouvimos a música de bateria de uma das cenas. Adriana fez a música – que vai ser a trilha sonora da dança da potência – tocar no seu celular, já que o aparelho de som não estava funcionando. Foi um momento de percepção e de escuta silenciosa. Um momento de concentração no qual todos ficaram silenciosos ouvindo as variações sonoras.
Por isso, quando ensaiamos a dança da potência, pareceu-nos que tudo convergia para a criação coletiva. Conseguimos nos comunicar melhor criando juntos a coreografia. Com sugestões interessantíssimas de cada performer, fomos fazendo uma espécie de “colagem” coreográfica. Arte que se tornava coletiva. E, sobretudo, com a potência real de cada performer. Isso acabou nos animando de tal forma que reensaiamos a mesma cena diversas vezes.
Houve depois um descanso para discutirmos as cenas rapidamente e comentar sobre os nossos figurinos. Na verdade, ainda estávamos submergidos pela “dança da potência”. Isso porque naquele momento estávamos criando, efetivando, pensando e mudando alguns movimentos da “dança da potência”, onde justamente a proposta seria condensar de modo sintético a nossa potência num fluxo contínuo, sendo que este fluxo se conecta com outros fluxos, como numa potência infinita e extática.
Relator: Chiu Yi Chih
Relatório 10 e 11.08
A Bia trouxe peças para o figurino para as pessoas da primeira cena experimentarem. Neste dia iniciamos os trabalhos com uma conversa coletiva sobre questões de relacionamento e tratamento entre as pessoas, após alguns contratempos ocorridos no domingo. Algumas pessoas colocaram suas insatisfações via e-mail e durante a reunião cada um se posicionou de forma positiva no sentido de dar andamento ao nosso processo pré-estréia. Algo que achei importante ressaltar foi a colocação do Wolfgang de que deveríamos encarar a nossa estréia com o frescor e o prazer de uma performance, um novo ritual, e que apesar de tudo conseguimos atravessar o processo sem grandes crises e desentendimentos, de forma harmoniosa. Ressaltou-se a importância da comunicação entre coordenação e monitores, e do respeito e tolerância entre todos. Após a conversa iniciamos o ensaio com um aquecimento liderado por Rodolfo com alongamentos e massagem coletiva na coluna e ombros. Após o aquecimento realizamos um trabalho de escuta-ativa da trilha para a cena da Potência. Fizemos um recorte do que era mais
interessante para a cena e iniciamos a experimentação da cena, o Wolfgang propôs que formássemos duplas e explorássemos a movimentação em corredores no espaço, depois ele selecionou grupos de pessoas que tivessem uma pesquisa de movimento em comum: como formas de utilizar o espaço, ritmo, formas semelhantes de saltar e usar partes do corpo. Após esta etapa organizou a cena com entradas e saídas destes grupos. Numa outra passada da cena surgiu uma movimentação coletiva muito interessante que foi aproveitada. Finalizamos o ensaio com a palavra "COMUNICAÇÃO"
interessante para a cena e iniciamos a experimentação da cena, o Wolfgang propôs que formássemos duplas e explorássemos a movimentação em corredores no espaço, depois ele selecionou grupos de pessoas que tivessem uma pesquisa de movimento em comum: como formas de utilizar o espaço, ritmo, formas semelhantes de saltar e usar partes do corpo. Após esta etapa organizou a cena com entradas e saídas destes grupos. Numa outra passada da cena surgiu uma movimentação coletiva muito interessante que foi aproveitada. Finalizamos o ensaio com a palavra "COMUNICAÇÃO"
Dia 11.08
Neste dia, cheguei no meio do aquecimento, o grupo realizava a Mandala e a maioria investigava o "poder da Serpente", havia um ambiente e uma sonorização vocal muito bonita, parecia que já estava acontecendo uma "cena". Informada sobre os procedimentos deste dia, me integrei ao trabalho. A proposta era realizar o Mandala inteiro e após o marítimo, fazer direto um passadão de todas as cenas.
Após todos chegarem ao marítimo, iniciamos a passagem do espetáculo-performance da primeira cena até a final. Numa segunda passagem fomos parando e definindo algumas marcações para nos dar segurança, esclarecemos algumas dúvidas com relação à entradas e saídas, alguns carregamentos e posicionamentos cênicos. Foi um ensaio bem técnico, em que tentamos nos concentrar no que ao nosso ver e com a orientação do Valter e da Isa ainda precisava de precisão,
energia, sentido. Quando conseguimos controlar a ansiedade e o tempo, surgem cenas belíssimas e cheias de intensidade. Treinamos a cena do Tesouro, onde também começamos a definir em que local cada um montaria o seu tesouro. Durante esta cena pesquisamos a execução da cena com a interferência do público, o seu olhar e presença.
Após todos chegarem ao marítimo, iniciamos a passagem do espetáculo-performance da primeira cena até a final. Numa segunda passagem fomos parando e definindo algumas marcações para nos dar segurança, esclarecemos algumas dúvidas com relação à entradas e saídas, alguns carregamentos e posicionamentos cênicos. Foi um ensaio bem técnico, em que tentamos nos concentrar no que ao nosso ver e com a orientação do Valter e da Isa ainda precisava de precisão,
energia, sentido. Quando conseguimos controlar a ansiedade e o tempo, surgem cenas belíssimas e cheias de intensidade. Treinamos a cena do Tesouro, onde também começamos a definir em que local cada um montaria o seu tesouro. Durante esta cena pesquisamos a execução da cena com a interferência do público, o seu olhar e presença.
Relatora: Cleia Plácido
Relatório 10.08
Simonne em ensaio de Rit.U
Começamos o nosso encontro com uma reunião, que teve por objetivo conversarmos sobre os pontos de conflitos que estiveram criando convergências durante o processo. Foi ressaltada a importância da comunicação, entre coordenação e integrantes, tanto no sentido da qualidade quanto quantidade, bem como sobre a necessidade de compreensão e respeito na reta final, que é uma fase muito mais complexa do que as outras etapas vivenciadas até o momento. Além disso, o Wolfgang esclareceu os aspectos do espetáculo enquanto obra aberta, que tem como objetivo ser desta forma, ou seja, não há a pretensão de ensaios exaustivos e marcações fechadas, pois sairíamos da proposta ritualística e espontânea proposta desde o início.
No segundo momento fomos para a parte prática, sendo que o Rodolfo ficou responsável por realizar o alongamento e o aquecimento. Em seguida trabalhamos na coreografia da potência, no qual houve a proposta de escutarmos a música integralmente. Ao final o Wolfgang colheu todas as nossas impressões e concluiu-se que vamos utilizar os 8 minutos finais da mesma. Logo depois realizamos improvisações dirigidas, estabelecendo grupos de entrada em cena, cada qual com uma matriz específica de movimento. Ao final, estabelecemos quatro momentos principais desta coreografia: entrada por grupos fechados, caminhada transversal, atravessar o palco com pequenos solos, dança das costas. Repetimos algumas vezes, para acertarmos entradas e saídas, colocação no palco, qualidade dos movimentos e etc.
Relatora: Simonne Xavier
Relatório – 04.08
Adriana e Nutaan em treinamento
Devido a outro trabalho cheguei atrasada no ensaio do dia 04/08. Enquanto eu não estava presente os integrantes fizeram exercícios de esforço, como preparação para a realização do ensaio do espetáculo, com o intuito de aumentar a tonificação muscular, o foco do olhar e a noção de direção-espaço.
Quando adentrei a sala azul da Galeria Olido, os integrantes estavam sentados em roda conversando com o Wolfgang sobre o desfecho do espetáculo Rit.U, que acontecerá entre os dias 19 a 22/08 na Sala Paissandu da Galeria Olido. A partir do momento em que entrei na conversa, falamos sobre a finalização do espetáculo, que será de um modo não-convencional, diferente de todos aqueles que finalizam dentro da “caixa preta”.
Depois disso houve intervalo de 5 minutos e partimos para o ensaio do espetáculo.
Iniciamos com o ensaio da cena interna, primeiramente com as “mulheres cavernas”, partindo para a “caminhada da venda de órgãos”, seguida da “transformação dos monstros e fuga dos não-monstros”. Enquanto os monstros se transformavam, uma fila formou-se ao fundo da sala para iniciarmos a “devoração” dos mesmos, dos mais diversos tipos: degustação, xingamentos, punição (esquartejamento) e derretimento (com o elemento sal) do último monstro, que será retirado de cena por uma massa de monstros que se apoderou dos outros monstros e de pessoas que se apoderaram um pouco de cada monstro durante a devoração, que se arrasta até o lado direito do palco.
Com um intervalo para Wolfgang nos dar um feedback e ajustar algumas coisas, partimos para a segunda “rodada”. Dessa vez com tudo o que foi feito anteriormente, inserindo os novos ajustes e a experimentação do final da cena, que inicia com uma onda marítima (efeito sonoro), se estende com um solo de bateria, porém ainda decidiremos o que será realizado pelos integrantes nesse momento.
Terminado o ensaio conversamos rapidamente sobre o que havia sido feito com mais alguns ajustes, e deixamos a sala, pois já havíamos nos estendido no horário.
Relatora: Adriana Coldebella
Hoje repetimos novamente o ritual realizado no dia 16/07 (ver postagem da data), porém desta vez o rito aconteceu na Praça Roosevelt e teve cerca de 1h30 de duração.
Após o término do ritual nos reunimos num local próximo (Espaço Parlapatões) para conversar um pouco sobre a vivência ocorrida.
Wolfgang fez diversos apontamentos nos fazendo refletir sobre nossa participação individual dentro do coletivo.
Comparou os ritos que fizemos no mês de junho, em que cada performer criou o seu próprio roteiro e protagonizou a sua transformação, aos realizados no mês de julho, em que o roteiro foi criado pelo núcleo de dramaturgia, para ser protagonizado por todos os integrantes coletivamente. Segundo ele, houve uma diferença visível na motivação do grupo, não conseguimos imprimir a mesma força dos ritos individuais aos ritos coletivos, o que acarretou numa grande perda da qualidade cênica; ele observou que nossos movimentos estavam mais lentos, havia pouca disposição para dança e mínima abertura de troca, tanto entre o grupo, como com o espaço. Estávamos introspectivos, lineares, solitários, passivos. Disse ainda, que não nos colocamos como protagonistas da situação e sim como observadores, que faltou dinâmica, doação, generosidade e intratensões[1], faltou sairmos da “contemplação das nossas vísceras”, faltou dialogarmos com o outro. Disse que é hora de sairmos do nosso isolamento e nos lançarmos ao trabalho, cada um tem que assumir para si a responsabilidade de ativar a sua própria força criativa, de tirar as abstrações da cabeça e dançar com o outro, de ter consciência da sua própria intensidade energética e utilizá-la no estabelecimento de um campo cênico de qualidade. Enfatizou que estamos criando algo inédito e por isso temos um grande desafio pela frente (nosso espetáculo precisa estar pronto em menos de um mês), sendo assim nos incentivou a usar toda a nossa concentração, a imprimir 200% da nossa força para a realização desse projeto, a desafiarmos a nós mesmos e transformarmos essa situação.
Falou sobre a dificuldade que existe no repetir, e que é natural que existam dias bons e ruins, mas precisamos estar atentos e nos esforçar, principalmente porque a partir de agora entraremos na fase de ensaios o que implica em muita repetição. Usou o exemplo nietzschiano do “eterno retorno”, e sugeriu que imaginássemos como seria se este instante, este que estamos vivendo agora, tivesse que ficar se repetindo eternamente, disse ainda, “Já estamos na situação ideal, não vai ter amanhã, ou depois de amanhã. É aqui e agora!”
Para finalizar, Wolfgang pediu que fizéssemos uma reflexão pessoal, baseadas nas seguintes perguntas: O que eu estou dando para mim? O que eu estou dando para o outro? Qual o personagem que estou vivendo agora? Como eu posso contribuir para esse trabalho? E enfatizou que se o nosso objetivo não estiver claro para nós, não ficará claro em cena.
Antes de terminarmos Valter fez algumas observações destacando a questão de termos dançando pouco durante o ritual, disse estarmos muito presos aos movimentos cotidianos, ressaltou a importância de colocarmos em prática o trabalho que fizemos nos treinamentos (vetores, oposição, planos, intratensões, etc.) e finalizou dizendo que não estamos aqui para seguir apenas emoções, temos que trabalhar e investir na utilização de todas as técnicas que fizemos ao longo do trabalho.
Por fim Wolfgang se despediu do grupo sugerindo que víssemos novamente o espetáculo da Maura, e a observássemos caminhar.
[1] Cabe aqui dizer ao leitor que não está familiarizado com os termos da metodologia Taantetro, que a palavra “intratensões” está relacionada ao conceito de Pentamusculatura desenvolvido por Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek . No livro Taanteatro - Teatro Coreográfico de Tensões (pág. 70) tem um trecho que diz: “O corpo não é um bloco impermeável, mas uma complexidade de intratensões (mecânicas, químicas, nervosas). No entanto as intratensões do corpo são inconcebíveis sem as tensões que se estabelecem entre o corpo e a materialidade e a fenomenalidade do mundo (ou extratensões). Qualquer corpo por mais frágil e flácido que possa parecer, está potencialmente aberto a participar da geração de tensões, de acontecimentos e do surgimento de formas de vida não imaginadas, na medida que não existe totalmente isolado. Na verdade, corpos sem tensão são tão inconcebíveis quanto a vida sem acontecimentos”.
Relatora: Lilian Soarez
Relatório 16.07
Depois de ter feito todos os ritos, foi estruturado um novo rito que agora será coletivo. Ele foi produzido por meio de temas recorrentes ou mesmo por coisas que ficaram presentes de modo geral em todos os ritos, como também, o que mais marcou. Foi estabelecido como tema: o ser cotidiano – monstro – tesouro. O previsto também era ser feito na Praça Roosevelt, mas como a chuva veio e não parou mais, tentamos adaptar o roteiro para a Galeria Olido, que foi excelente, pois todos estavam bem presentes e dispostos.
Fizemos algumas partes da Mandala, como Arco, Flecha e Alvo, o Poder da Serpente e o Mar-ritmo e, então, adentramos no rito habitando-nos de cascas sociais para assim, poder despir-se no embate com o outro. Esse começo foi muito intenso e esgotante, por causa desse embate, desse confronto corpo a corpo que principiava tirar essas cascas sociais, e ao desnudar-nos caminhamos em silêncio, experienciando esse novo corpo, ou melhor, reencontrando-o, indo para a contemplação da cidade, e assim, absorver a cidade, perceber e receber a cidade. Ao incorporar a cidade começamos a nos transformar em monstro, que inicialmente foi individual e depois foi coletivo, todos éramos um único e imenso monstro que se auto-devorava, ou seja, devorava e era devorado. Este foi um momento de intenso deleite para todos, esse banquete de corpos, de monstros, de se alimentar de si próprio e do outro.
Assim que todos foram devorados, esse monstro voltou a se tornar vários, a se dissipar novamente e dançar essa digestão, que ao se alimentar de uma parte de outra pessoa você incorpora o que ela tem de melhor ou o que lhe falta. Após essa digestão, o monstro vai ao encontro de seu tesouro e revela-o e se banha de si mesmo, da transformação do seu rito. Acredito que por causa da devoração estávamos muito ligados uns aos outros e este caminhar ao encontro do tesouro foi muito singelo e delicado, a separação daqueles corpos cansados por causa do banquete foi feito bem lentamente, cada um sentindo a pele do outro, o toque do outro, como se isso, já fosse o toque do tesouro, de já estar sendo banhado. E este clima só foi aumentando até o encontro do tesouro, até o banho, que foi renovador e necessário.
Relatora: Janaina Ribeiro
Relatório 14.07
Carol no primeiro rito coletivo na Galeria Olido
O encontro deste dia teve seu início sobre a Coordenação de Rodolfo, que sugeriu uma sequência levando em consideração as orientações recebidas de Wolfgang. Nosso primeiro exercício foi uma corrida em círculo que gradativamente aumentava sua velocidade e ao comando de Rodolfo todos deveriam responder deitando no chão e buscando retirar as amarras que cada um achasse pertinente; após, todos se levantavam sem o apoio das mãos e com foco no abdômen, percebendo as modificações corporais. Durante esta corrida foi ressaltada a importância em estarmos atentos ao ritmo coletivo.
Em seguida realizamos uma sequência de esforços sugeridos por Rodolfo, Patrícia e Zedu. A maioria deles já realizados em encontros anteriores do Nutaan. Finalizamos esta etapa com abdominais em duplas.
O momento seguinte deu-se com a presença de Ligiana que nos passou um aquecimento vocal com vocalizes e dando continuidade à aula com o laboratório de criação com as frases dos “órgãos” de cada performer. Durante estas experimentações trabalhamos com a variação de volume vocal (sussurros até um grau mais alto), buscando uma composição com a mistura de vozes que mantinham uma cama vocal e em alguns momentos solistas. Após, Ligiana ouviu a frase de cada um dos performer, lembrando-os da ressalva feita por Maura sobre a ênfase na “palavra destaque”, no caso os órgãos a serem vendidos, e orientando-nos sobre a musicalidade e intenção do que é dito. Com essas dicas, as frases se tornaram mais interessantes e melódicas.
Partimos então para a caminhada mantendo as indicações da caminhada do dia anterior (paisagem repleta de cadáveres e restos de órgãos espalhados pelo chão) e incorporando as novas construções dramatúrgicas adquiridas neste dia. Ligiana nos lembrou sobre a importância da escuta e da dosagem do volume vocal durante o trajeto. Perto da linha de chegada deste exercício, Ligiana regeu o grupo propondo a entrada de solistas e a variação do volume vocal coletivo. Encerramos esta etapa com as palavras de Ligiana apontando que melodicamente o conjunto já se apresenta mais interessante.
Tivemos um intervalo e começamos a discutir os assuntos referentes ao novo ritual. Nesta fase do trabalho surgiram muitas dúvidas, principalmente a respeito dos personagens presentes no ritual. Para tentar clarear um pouco mais a grade do novo ritual proposto pelo núcleo de dramaturgia, Patrícia explicou-o por completo e em seguida buscamos colocar na roda perguntas e respostas com o intuito de enriquecer e apropriar ainda mais este novo rito coletivo. Por fim decidimos que utilizaremos um figurino preto como base e que na sexta feira dia 16 de julho nos encontraremos diretamente na Praça Roosevelt caso não haja um mau tempo.
Neste momento do encontro surgiram muitas colocações, desejos, dúvidas a respeito deste rito e etapa de trabalho. Lilian após todos se manifestarem disse que ao ler o ritual encontrou nele muita poesia e ressaltou a importância em perceber a energia que criamos para o trabalho e em criticarmos o desenvolvimento deste apontando os aspectos negativos, mas também os positivos.
Finalizamos em roda com a palavra DIFICULDADE. (Palavra do dia sugerida e lembrada também como positiva).
Relatora: Carol Greco
Relatório 13.07
Nossa aula começou com exercícios de respiração e movimentos de braços pelas diagonais. Fizemos movimentos de ida e vinda sempre com leves impulsos pelas mãos, pulsos e braços. Estes exercícios comandados por Wolfgang visavam à harmonização entre o nosso corpo e a nossa consciência. Assim, repetíamos os movimentos e isso criava um campo de energia pelas extremidades de nosso corpo.
Com os corpos distensos e relaxados fomos aquecendo a voz com as indicações de Ligiana. Ela nos lembrou de que na aula passada havíamos improvisado uma dança com a voz de nosso animal. Tomando a melodia de Villa Lobos criávamos sonoridades de animais. Às vezes algumas pessoas desconstruíam e recriavam novas melodias. Então, improvisamos algumas sonorizações sempre dando abertura à nossa imaginação.
Em seguida, lembrando de nossa última aula, aquela em que falávamos os textos de “venda dos órgãos”, Ligiana sugeriu que cada um de nós refizesse o seu próprio texto. Com a mistura e a confusão de vozes em volume alto, Wolfgang não conseguia escutar nenhuma palavra. Criou-se um caos ensurdecedor. Ele então sugeriu que Ligiana pudesse nos orientar para que cada texto individual fosse melhor pronunciado. Ao invés de fazermos um “pregão” como acontece na feira, cada um deveria sentir o seu texto e exteriozá-lo da melhor forma possível. Assim, o texto se tornaria claro e inteligível. Refizemos várias vezes esse exercício de “venda dos órgãos” a pedido de Wolfgang. Isso foi importante para que percebêssemos a potência e o alcance de nossas próprias falas e sonorizações.
Levando em conta essa experiência, fizemos o exercício da caminhada lenta. Ela consistia em que falaríamos de nossos órgãos à venda, mas agora numa dança improvisada e, sobretudo, numa paisagem apocalíptica repleta de cadáveres e restos de órgãos espalhados pelo chão. Feita a caminhada, Maura recomendou que evitássemos os clichês de movimentos fáceis. Alertou da importância de estarmos atentos ao espaço imaginado. Sensibilizou-nos para a dança enquanto movimento de tensão que se situa no espaço cênico. Movimento também de criação e de autoconsciência.
Após essa recomendação, discutimos o nosso roteiro dramatúrgico. De tantas dúvidas e sugestões, o que se destacou era que podíamos retomar a experiência vital de nossos ritos de passagem, incorporando-a no nosso novo rito. Teríamos de evitar os estereótipos e os padrões de encenação. O novo rito propõe a transformação de SER COTIDIANO-MONSTRO-TESOURO assim ensejando o surgimento de diversas monstruosidades. Alguns entendiam que o monstro era um ser híbrido e trazia o seu conflito interno, outros que o monstro não podia ser estereotipado. Além disso, como se tornar um monstro sem cair na extravagância e na gratuidade? A tarefa sugerida foi então a de recuperar o nosso próprio rito de passagem, onde cada um de nós de alguma forma entreviu o limiar de uma transformação simbólica/existencial/espiritual.
Relator: Chiu
Relatório 09.07
Alda em exercício de caminhada com pedras
Hoje é feriado municipal e por isso não tivemos a sala de ensaio da galeria Olido disponível. No entanto, achamos válida a proposta de fazermos uma atividade na rua. Dessa forma nosso dia de trabalho ficou dividido em três etapas: atividade prática na rua, exposição do rito coletivo e estréia do espetáculo DAN – Devir Ancestral.
Nos reunimos no TD – Teatro de Dança, onde tudo estava pronto para o espetáculo DAN e deixamos lá nossas bolsas e mochilas para assim seguirmos para a Praça da República para realizar nossa atividade.
Lá na Praça estavam Bia, Alda, Adriana, Tatiana, Simone, Lilian, Cléia, Zedu, Roger, Carol e Janaína, além da Darla, amiga da Bia que nos ajudou tomando conta de nossos pertences.
Zedu, Roger, Carol e Janaína não participaram do exercício de fato, mas estiveram o tempo todo observando nosso trabalho, assim como tirando fotos.
O exercício consistia em escolher individualmente um lugar no espaço, organizar em torno de si a delimitação deste espaço que a partir de agora iria tornar-se nosso próprio “jardim suspenso”. Cada um trouxe três objetos que foram usados para delimitar este jardim, um deveria representar o estado anterior à transformação no rito de cada um, outro objeto que representasse o estado pós-transformação e um terceiro objeto que deveria representar nosso animal de potência. Após organizar os objetos, nós nos colocamos dentro deste local e zeramos.
É válido ressaltar que o tempo do zerar foi bastante dilatado e a indicação da Bia era justamente que nós tentássemos ultrapassar o cansaço e o incômodo com o intuito de encontrarmo-nos de fato com a “condição zero”.
A partir daí tinhamos três tarefas: reconhecer nosso “jardim suspenso”, habitá-lo e destruí-lo. Sendo que a destruição não deveria ser apenas física, do local, mas nós mesmos deveríamos nos tornar aquela destruição. E assim, transformados por aquilo que habitamos e destruímos, caminhamos até o centro do espaço coletivo ao encontro das outras pessoas e coabitamos com elas por alguns minutos em nossas condições destruídas/destruidoras. Ao final todos juntos zeramos novamente. Este exercício teve duração de 45 minutos.
Em seguida voltamos ao TD, buscamos nossas bolsas e mochilas e fomos até uma padaria próxima. Lá algumas pessoas do grupo de dramaturgia expuseram brevemente a idéia central do rito coletivo que será realizado na semana que vem.
Às 21h estávamos todos de volta ao TD para assistir o espetáculo da Maura. Tivemos uma belíssima experiência, um verdadeiro presente ao assistirmos a uma artista que concebe e realiza sua dança a partir de nossa maior dádiva: a vida e sua potência.
Relatora: Alda Maria Abreu
Relatório 06.07
Iniciamos o ensaio deste dia com uma conversa com o Wolfgang a respeito da nova etapa do trabalho: a realização de um novo rito na próxima semana. A orientação vocal da Ligiana agora será mais direcionada para a contribuição em cenas do espetáculo de agosto. O objetivo é fazer com que o trabalho vocal tenha a mesma qualidade que o Mandala, abrir possibilidades de equações corpo/voz mesmo com o risco de perder afinação ou outros ítens técnicos. Numa reflexão geral sobre os ritos concluiu-se que houve poucos movimentos de expansão corporal, e que nesta nova fase tentaremos incluir sequências e exercícios que fazem parte de nosso treinamento no ensaio. Na segunda parte do ensaio, o Valter propôs sequências de alongamento da yoga, que trabalhou bastante a parte posterior e anterior das pernas, articulação coxofemoral e a flexibilidade e sustentação da coluna. Na parte do treinamento de "esforços" foi proposta sequência de movimentos que exploravam principalmente o trabalho da parte inferior do corpo; o golpe com os pés/pernas do kung fu, que exploravam a precisão, a sustentação e equilíbrio do corpo e a expansão da energia. Exercícios que exploravam a expansão do tronco e a transição do nível médio para o nível baixo. Exercícios que exigiam a sustentação e projeção do quadril e o deslocamento no espaço via articulação dos pés. Exercícios que combinavam a articulação da coluna com saltos da2º posição para a 4º posição com os pés paralelos. Exercícios que exploravam outros apoios do corpo no chão como a parada de mão, a estrela lateral da capoeira. Deslocamentos pelo espaço somente com o apoio dos pés e das mãos e etc. Na terceira parte do ensaio, Wolfgang propôs uma investigação em duas fases; na primeira fase pediu que iniciássemos o trabalho com o "zerar" da Mandala e logo em seguida entrássemos no Marítimo cujo tema foi a incorporação da cidade. Após 10 minutos de performance, Wolfgang pediu que zerássemos novamente, então ele e o Valter sugeriram um foco de pesquisa de movimento para cada um dos participantes, o objetivo era que saíssemos um pouco do nosso repertório usual de movimento e investigássemos algo novo. No meu caso, que estava explorando movimentos mais amplos e de ataque e tinha dificuldades em relacionar-me com os outros parceiros, foi sugerido que trabalhasse o "pequeno", movimentos mais precisos e articulados. Isso possibilitou
que pesquisasse mais a imagem, a pausa, tentasse controlar a ansiedade e brincasse mais com o tempo e as articulações, facilitou também o jogo com os outros participantes, pois acabei entrando em oposição ao movimento de vários colegas. Foi bem legal. Ao final conversamos a respeito dos vícios de movimentos e temas corporais dos quais acabamos sendo reféns, e que nem sempre temos consciência deles. Muitas vezes por escolha estética ou por conforto deixamos de usar certas partes do corpo, ou optamos sempre por dançar temas de movimentos recorrentes. Outro comentário foi a respeito da coragem de explorar uma energia mais sensual, e até mesmo erótica na improvisação, e da importância de canalizar essa energia para a pesquisa corporal sem cair no óbvio ou grotesco. Refletimos também sobre a necessidade de tentar aproveitar os movimentos de expansão dos "esforços" na hora da improvisação no Marítimo.
que pesquisasse mais a imagem, a pausa, tentasse controlar a ansiedade e brincasse mais com o tempo e as articulações, facilitou também o jogo com os outros participantes, pois acabei entrando em oposição ao movimento de vários colegas. Foi bem legal. Ao final conversamos a respeito dos vícios de movimentos e temas corporais dos quais acabamos sendo reféns, e que nem sempre temos consciência deles. Muitas vezes por escolha estética ou por conforto deixamos de usar certas partes do corpo, ou optamos sempre por dançar temas de movimentos recorrentes. Outro comentário foi a respeito da coragem de explorar uma energia mais sensual, e até mesmo erótica na improvisação, e da importância de canalizar essa energia para a pesquisa corporal sem cair no óbvio ou grotesco. Refletimos também sobre a necessidade de tentar aproveitar os movimentos de expansão dos "esforços" na hora da improvisação no Marítimo.
Relatora: Cleia Plácido
Relatório 02.07
Caminhada com pedras
O início do encontro ocorreu com uma grande sequência de alongamento, no qual o Valter fez questão de passar por todos os pontos do nosso corpo, desde as articulações mais trabalhadas (membros superiores, membros inferiores, coluna, cintura escapular, cintura pélvica), até aquelas que não trabalhamos com frequência (olhos, pulsos, mãos, dedos do pé, músculos faciais, bucais). Logo após, iniciamos sequência de movimentos de esforço, incluindo novos exercícios, oriundos das artes marciais. Além disso, realizamos grande exploração do movimento no qual desenhamos o “quatro” no espaço, variando formas e direções. Realizamos pela primeira vez um exercício de forte apelo psico-físico. Em pé, com os pés paralelos, braços soltos e relaxados. Todos divididos em três filas. A idéia é imaginar uma energia externa ao nosso corpo, que entra pelo topo da cabeça, gerando uma base vocal e uma movimentação trêmula, típica de algo que está “passando” pelo corpo, até que essa energia sai bruscamente por baixo. Um salto para frente. Iniciamos novamente, fazendo o percurso contrário, debaixo para cima. Assim, por todo o percurso da sala. Ao realizarmos a primeira vez, todos perceberam a complexidade do exercício, pois não se trata de simular a visualização e sim permitir que ela se manifeste no nosso corpo. Valter nos deu a indicação de escolher o vocalize, este sendo a representação dessa energia, como um elemento independente a nós, que se manifesta de formas variadas em cada um. A segunda vez que fizemos o exercício a qualidade foi melhor, uma vez que permitimos o tempo mais adequado para realização em si, bem como maior aproveitamento vocal durante o exercício. Na terceira parte do encontro, realizamos uma caminhada com pedras. Cada participante deve equilibrar quatro pedras pelo corpo, com o objetivo de que nenhuma caia durante a caminhada. O objetivo é trabalhar a lentidão, a dança dentro da incapacidade de movimento. Valter alertou para os dois extremos: situações que não conseguimos manter as pedras no corpo e outras que nos acomodamos a uma posição. Ambas situações deveriam ser revistas. A visualização era de retirantes, caminhantes do deserto. Em seguida realizamos o exercício em dupla. Um participante decide a localização das pedras pelo corpo do outro, alterando as posições caso caiam ou no caso do participante se acomodar na posição. Em contrapartida, o performer que está com a pedra deve seguir a caminhada, lentamente, buscando soluções para manter as pedras pelo corpo, mesmo diante das dificuldades colocadas pelo parceiro. Fechamos com a palavra PEDRA.
Relatora: Simonne
Relatório 30.06
Marítmo das Aberrações
Iniciamos o encontro realizando uma seqüência de exercícios de esforço, trabalhando principalmente exercícios de base, fortalecendo a musculatura coxo-femural, passando por exercícios já conhecidos, como a seqüência do cavalo, deslocamento com a planta dos pés no chão, estrela pequena, estrela grande, parada de mão e etc. Terminamos com as cambalhotas controladas para descansar. Às 18h30 iniciamos o trabalho vocal com a Ligiana, através de exercícios de respiração, visualizando a abertura e o preenchimento das costelas. Fizemos alguns vocalizes todos juntos, em seguida separando as vozes masculinas e femininas. Voltamos para o estudo de parte da música Bachianas de Villa-Lobos. Dessa vez Ligiana pediu para que cantássemos individualmente e corrigiu afinação e colocação da voz de cada participante. Solicitou alguns exercícios específicos de colocação de voz para a Cléia, a Bia e para mim. Ao final, foi proposto uma troca de idéias sobre os ritos de passagem, questionamos algumas questões relacionadas ao núcleo de dramaturgia, principalmente no que diz respeito à estrutura do roteiro do espetáculo. A idéia inicial apresentada pelo núcleo é de realizar um novo rito de passagem, porém agora de forma coletiva, no qual estão inclusas todas as passagens realizadas – sendo que pode variar a forma apresentada, ou seja, pode ocorrer a alusão em essência ou conceitualmente, além de repetir de forma literal estruturas descobertas durante os ritos. Fechamos com a palavra BACHIANAS.
Relatora: Simonne
Relatório 29.06
Roger Valença na Caminhada das Aberrações
Hoje iniciamos com um breve alongamento inicial enquanto esperávamos o grupo todo estar presente.
Logo em seguida, partimos para um exercício de aquecimento. Em duplas, deitamos lado a lado, de barriga para cima. Sintonizamos a respiração com o parceiro e iniciamos um movimento de vai-e-vem apenas com o movimento dos pés. Gradativamente, sempre mantendo o ritmo conseguido na primeira etapa, o exercício evoluiu. Primeiro, buscando o contato com o parceiro com outras partes do corpo, depois, iniciando uma subida lenta até o plano médio. Aos poucos, as duplas se juntaram, formando três blocos maiores. Depois de evoluir até ficarem de pé, todos os blocos se juntaram em um. Nesta etapa, o movimento continuou, permitindo a liberação da voz. Num último momento, a movimentação foi diminuindo até ser internalizada, e, por fim, parar. Depois cada integrante se “soltou” do bloco e iniciou uma caminhada lenta pelo espaço da sala. Ao se encontrar, cada dupla deveria dizer a primeira palavra que viesse a cabeça.
O segundo exercício foi uma caminhada e utilizamos a simbologia do monstro. O monstro representa o guardião do tesouro. A diretriz inicial para a caminhada foi a da lentidão, toda a movimentação deveria ser lenta e cuidadosa. Iniciamos com uma parte da mandala escolhida livremente, e, ao iniciar a travessia da sala deveríamos acessar o nosso monstro, a nossa aberração interior. Em dados momento, Valter acrescentou algumas indicações, como “alguém está se aproximando do tesouro”. Numa segunda etapa, a caminhada se transformou em marítimo, assim, a trajetória pela sala e o encontro com os outros estava livre. A seguinte indicação foi a de “trocar” as aberrações, pegando características dos outros colegas para si. O exercício terminou com um “repouso desperto” dos monstros.
Em seguida formamos uma roda para conversar sobre o exercício. Vlamir apontou para a riqueza que o exercício fornece na possibilidade de troca com o outro. Tanto no jogo na hora do encontro, assim como a troca de monstros, fornece um cenário amplo de novas possibilidades. Tati reforçou a idéia do aparecimento de uma energia sexual (não necessariamente erótica ou sensual) muito forte. Talvez o trabalho com as musculaturas não cotidianas, possibilita o despertar de um “prazer” que se mantém adormecido normalmente. Valter reforçou a idéia, frisando que esta energia adormecida é que auxilia na fuga do estereótipo, pois uma musculatura muito íntima acaba sendo exposta. Neste ponto, a ligação entre o aquecimento e o exercício de caminhada é essencial. O importante no nosso trabalho é saber como canalizar este tipo de energia para o palco.
Outro tema da discussão foi o estereótipo e a necessidade de se trabalhar com todas as vias de acesso para o “monstro”. Por exemplo, diante da possibilidade muito fácil de cair numa óbvia “loucura autista”, ficou claro que este pode ser um caminho necessário a se percorrer para ser ultrapassado. Deste modo, chegar à exposição extrema desta energia também é muito difícil, porém são os dois pontos da balança que devemos ter sob domínio para podermos transitar livremente. Valter reforçou que a via de acesso precisa ser individual, há um caminho particular para ultrapassar o estereótipo.
Valter ainda lembrou as principais diretrizes do trabalho, a troca com o outro possibilita um acréscimo de repertório, facilitando a saída do vocabulário óbvio de cada um. Ainda há muita ansiedade, deste modo, a lentidão ajuda a elaborar uma movimentação mais sofisticada, que se pode explorar e entender melhor.
Relator: Roger ValençaRelatório 25.06
Salto Sobre a Sombra - rito de Roger Valença
Ritos de passagem – Praça Roosevelt
“Salto sobre a sombra” – Ritual de Roger – absorção da agressividade para conseguir lidar com a cidade de São Paulo.
Encontramo-nos defronte ao “Parlapatões”, na escadaria da praça Roosevelt, por volta de 16h30. O rito iniciou aproximadamente às 17h, com a execução da mandala de energia (com duração de 10 minutos) na parte superior da praça. Cada um ocupou o espaço desejado, porém todos estávamos próximos uns dos outros. Logo após a mandala, Roger desceu a rampa, para subí-la novamente com a qualidade de movimento, asfalto, concreto. O coro desceu a rampa com essas mesmas qualidades de movimento e no meio dela houve um encontro entre concretos, com ações muito específicas como pressionar, compactar o outro e a si mesmo, puxar e tomar o lugar do outro. Formamos um bloco transbordando tensões, até o momento em que Roger ultrapassou esse bloco/parede/muro e chegou ao topo da rampa, correndo em direção ao centro da praça, e o coro dessa forma, procurou o seu “nicho” no espaço, para iniciar a dança da agressividade, na qual o Roger dançaria com cada integrante individualmente. Cada qual interpretou a agressividade de sua forma. A única diretriz que tínhamos para esse momento é que a fala deveria ser suspensa, engolida, como se não pudéssemos nos expôr diante tamanha violência. Depois de ter dançado a agressividade, Roger subiu ao palco 1, onde ao tirar a camiseta recebeu tinta em seu corpo de diferentes formas, de acordo com a necessidade de cada integrante imprimir no corpo de Roger a própria concepção de agressividade/violência ( incluindo xingamentos, tapas, arremessos e etc.).
Em seguida, um corredor cordial e amigável formou-se para a passagem do protagonista do rito, onde ele cumprimentou as pessoas como se nada tivesse acontecido, como se fosse uma situação cotidiana ter passado por toda aquela humilhação, e as pessoas respondiam com sorrisos, apertos de mão, abraços e até beijo na boca como forma de afeto.
Esse corredor desembocou em um caminho que seguiu Roger até o palco 2, onde ele foi esterilizado, utilizando para isso álcool, e dois panos a princípio, pois, ainda como demonstração de afeto e apreço pelo menino, algumas pessoas o limparam com suas próprias blusas, despindo-se para protegê-lo. Após a limpeza, o rito foi concluído com o “zerar”, e uma salva de palmas ao protagonista que havia acabado de realizar sua transformação.
O rito durou em média uma hora.
Adriana e Tatiana em "Aberrando"
“Aberrando” – Tatiana – tornar-se uma aberração.
Por volta das 18h20 iniciamos a mandala num círculo, na parte debaixo da praça Roosevelt, com muitos cacos de vidro, sujeira, e espectadores assistindo e comentando o que estava acontecendo. Tatiana subiu a rampa, e o coro a perseguiu discretamente, disfarçando cada vez que ela olhava para trás, até um momento em que o disfarce não foi mais possível e aí corremos atrás dela. Um encontro (primeiro encontro) de olhares com Vlamir – a autoridade - fez com que ela parasse de correr e entrasse nesse encontro, como se estivesse sendo hipnotizada por essa autoridade de terno e gravata. Os cachorros (Roger, Rodolfo, Thiago, Zedu e Chiu) latiam e rondavam seu caminho; a perfeição Doriana se aproximava para dar o bote e trazê-la para a realidade dela e as aberrações vinham atrás, cada qual dentro do que é ser aberração para si. A perfeição Doriana – Adriana, Janaína, Simonne e Patrícia – a seduziu para o seu espaço e começou a transformá-la em uma menina perfeita para os parâmetros sociais – salto alto, vestido, maquiagem, brincos, colares e adereços, cabelos penteados, utilizando para tal uma agressividade delicada. Depois de colocado o vestido, a autoridade amarrou em sua cintura uma corda presa a um poste, permitindo seu deslocamento, entretanto, cada vez que Tatiana pisasse fora do espaço da perfeição Doriana, seria surrada pela autoridade. E assim foi feito. Com a aproximação de Cléia – entidade gigante – a competição sutil entre as meninas da perfeição doriana foi diminuindo mediante o respeito àquela entidade que estava em busca da salvação de Tatiana. O resgate desembocou numa dança do abraço com Cléia (segundo encontro), os cachorros se aproximam, mas são seduzidos pela dança – dança de libertação, e como a entidade já a havia protegido, os cachorros nada podiam fazer, a não ser baixar a guarda.
Após essa dança e essa calmaria, Tatiana vai ao encontro das aberrações, e nesse momento todos os integrantes – cachorros, autoridade, entidade e perfeição doriana, tornam-se aberrações também. As aberrações começam a grande transformação na protagonista, utilizando para isso argila, cabelos, pêlos de sobrancelha, a menina vista como perfeita deu vasão ao seu eu mais grotesco, e talvez mais agradável – a aberração. Nesse momento, Thiago lhe dá um líquido marrom, que remete ao seu vômito. Ela toma esse líquido e o expele na mesma hora, agora sim está pronta a aberração. Tatiana segue uma caminhada em busca de comida e água para a comunidade de aberrações, e paramos para contemplar a rua, os carros indo e vindo, a contradição mediante tudo que estávamos vivendo naquele momento. As pessoas voltando para casa dos seus trabalhos num dia normal de rotina, enquanto que outros estavam passando por transformações valiosíssimas que serão carregadas para o resto da vida. Terminamos com o zerar. O rito durou uma hora e quarenta minutos.
“Tensões Afetivas – refletindo sobre as prisões invisíveis do ego” – Rito de Simonne
Esse último rito de uma longa sexta-feira estava previsto para as 21h30, contudo começou por volta das 21h45 pelo atraso de uma das integrantes do grupo.
Nesse rito existiram integrantes ativos – Consciências - (Zedu, Thiago, Tatiana, Maíra, Vlamir, Rodolfo e Simonne) e passivos (Adriana, Ana Beatriz, Janaína, Cléia, Alda, Lilian, Patrícia), e os paparazzi (Carol e Chiu). Os integrantes ativos realizaram ativamente todo o rito, já os integrantes passivos eram apoio dos integrantes ativos, mas estavam igualmente com figurinos, e acompanharam o rito do início ao fim.
As consciências iniciaram a mandala na praça da República, e nós (expectadores), tínhamos de estar em relação com eles todo o tempo. Em seguida Valter, com o som em suas mãos, deu comandos para a movimentação dos mesmos: fazer o oito com a parte superior do corpo, fazer o oito com a parte inferior do corpo, fazer o oito com o corpo inteiro, variando bruscamente de velocidades do lento ao rápido, dependendo dos comandos de Valter. Após a exaustão, chega o momento da troca de figurino, de roupas de ensaio (caracterização da primeira parte) para roupas, cabelo e maquiagem femininos (caracterização da segunda parte). Cada apoio auxiliou o integrante ativo pelo qual estava responsável na vestimenta, na maquiagem, na colocação do salto alto, deixando-os preparados para a próxima etapa. Quando todos estavam devidamente transformados, seguiram de mãos dadas a um local que até então somente os participantes passivos, os paparazzi e a protagonista do rito tinham conhecimento. No percurso até esse local os paparazzi tiraram fotos, com direito a poses exóticas e chamativas. A energia estava à tona nesse momento e todos pareciam se divertir muito, embora internamente o medo de estar andando nas ruas do centro de SP com aquelas vestimentas (vestidos curtos, roupas chamativas, perucas e maquiagens acentuadas) e o medo do desconhecido estavam presentes, mesmo que escondidos pela euforia.
O local escolhido por Simonne onde os integrantes deveriam ser grandes receptáculos de energias, percepções, informações e sensações foi a Casa de Show “Refúgio”, situada no centro de SP. Logo na entrada haviam balões em verde e amarelo, em comemoração à copa do mundo e cartazes de meninas quase desnudas chamando a atenção. Ao entrar no Refúgio, houve um misto de curiosidade, repúdio, nojo e euforia. O local era pequeno, com algumas mesas, um bar sujo e um palco com um mastro ao centro, certamente para as meninas da casa o utilizarem durante seu show.
Os dois shows de duas meninas distintas, uma que parecia um pouco índia, e outra negra de Salvador, foram totalmente desestimulantes. Não havia expressão corporal, ambas dançaram para nós com “cara de pastel”, como se aquilo tudo não fosse nem um pouco agradável para elas. A minha sensação era de que elas estavam sendo um pouco obrigadas a fazer aquilo, havia uma falta de vontade, e eu senti que elas estavam envergonhadas com a nossa presença, mesmo sabendo que éramos um grupo que estava ali a trabalho.
Em seguida do show, veio o casal que fazia sexo explícito no palco. A sensação foi ainda mais horrenda, tendo obviamente, opiniões contraditórias a respeito disso. Tivemos que sair no meio do ato, pois era o tempo estipulado para ficarmos ali dentro.
Na volta, com as mesmas mãos dadas, mas agora com sentimentos opostos ao da vinda, seguimos em direção à Praça da República novamente. Incrível foi perceber como a expressão de todos mudou completamente. Aquelas pessoas que antes estavam rindo e se divertindo, estavam quietas, reflexivas, repletas das sensações e da energia absorvidas lá dentro.
Já na praça, os integrantes ativos se dispuseram em duas filas intercaladas, Valter colocou a música novamente, e cada integrante tirou de dentro de dois sacos, objetos com os quais teriam que estimular Simonne, ou simplesmente dançar com aquilo. A proposta era que eles usassem o algodão, o iodo, as camisinhas, a seringa e etc. que estavam todos dentro de uma bolsa em um saco azul, mas por erro meu, por ser apoio da Simonne, acabei entregando os dois sacos para eles e alguns objetos que não estavam previstos foram utilizados, como a calça e blusa de ensaio da Simonne, utilizadas por Rodolfo e Vlamir respectivamente, um saco de algodão que virou uma echarpe em Zedu, um espelho utilizado por Tatiana na visualização de que Tati era essa após isso tudo, e todos os outros objetos foram utilizados por Maíra – iodo, camisinhas, seringa...
Cada qual estimulou Simonne como quis, deixaram transbordar o que estavam sentindo como um grande caldeirão fervendo, em seguida fizeram a dança do coração, mas agora um coração diferente do que começou o rito, um coração com outros pareceres, um coração com outra realidade. Simonne começou a dizer um texto, e Maíra o continuou com tamanha força, que emociounou a todos. Os espectadores estavam agora mais perto deles, olhando, absorvendo tudo aquilo que estavam nos transmitindo, embora fôssemos espectadores, participamos do rito junto com eles, mergulhamos nessa outra realidade que não nos diz respeito e pudemos sentir juntos todo o trajeto da longa sexta-feira de quase sete horas de rituais. Fechamos com o “zerar”. O rito durou cerca de duas horas. Foi uma entrega absurda!
Relatora: Adriana Coldebella
Relatório 22.06
El encuentro se da después de una jornada de domingo en la que se hicieron tres ritos de pasaje. Los cuerpos, luego de esos ritos, se sumergen en la ciudad aparente o externamente iguales; a excepción de alguna cabeza que regresa rapada, pero más clara, mas transparente. Otro cuerpo se lleva consigo sentidos nuevos para danzar y otro cuerpo dejo de ser el “cuerpin”, el “cuerpecin” y pasar a ser un cuerpo, el cuerpo. Cuerpo de MUJER. Y muchos otros cuerpos que acompañaron esas poderosas transformaciones se sumergieron renovados en una ciudad hipnotizada por la TV.
Se colocaron varios temas:
*El estreno de DAN la nueva pieza de Maura y de la compañía. Se organizo un operativo para que los compañeros del NutAAN colaboremos con la difusión de las funciones para que todo acontezca de la mejor manera. Así será.
*Luego se planteo un tema incomodo pero necesario. DISIPLINA.
Se les hizo una observación a participantes del núcleo que estuvieron ausentes en un porcentaje importantes de ritos y la dificultad que genera en ellos el no haber participado de tantos ritos para tener una visión más global de la situación en la que se haya el proyecto. Comprendo la situación de esos compañeros. Muchas veces la necesidad de trabajar para vivir dificulta el desarrollo de procesos creativos. De todos modos la observación que se hizo me pareció coherente.
*Por una “urgencia formal “se tuvo que instalar un tema: EL TITULO del trabajo final…. Cosa importantes si las hay.
Entonces desfilaron un puñado de posibles títulos: URBAN-CROMOS-POLIS-POLIPO-TEMPO-ATEMPORAL-CAOS-VALLE-MUERTE-FENDA-ANTES-CUNES-TERRITORIO NEUTRO-DENTRO- CORAON-NADA-NUTANES- etc.…
Darle identidad, dar nombre a un hecho artístico es muy importante. Ese nombre no debe facilitar o explicar descriptivamente las fuerzas que se ponen en juego. El titulo de una pieza debe ser como una piel que contiene órganos intensos como: procesos de trabajo, proceso creativo, poética, posición política sobre el arte, posición político-filosófica sobre el cuerpo, misterio, vida y muerte. Este último órgano que debe contener esa piel, la muerte, creo que es fundamental ya que es una característica y una virtud propia de la performance y de las artes escénicas. Ya que una pieza debe crear una realidad nueva, única, propia dentro de la realidad local, nacional, regional, mundial, universal… cósmica.
La obra es esa vida que luego de su transcurrir apasionado por la realidad creada por los artistas no debe tener un final, mas bien, debe morir. En la próxima función los artistas deben volver a gestar esa vida, la obra, la deben criar, alimentar, verla crecer y verla morir.
Es esta poderosa virtud de la performance y de las artes escénicas que nos permiten corrernos de la otra vida, la falsa, la impostora, la impuesta…. La vida TV.
Estoy pensando el TITULO como una piel, un órgano, cuerpo.
Y si la propuesta del proyecto es trabajar con un cuerpo pentamuscular. Entonces creo que el titulo debe también ser pentamuscular.
También se reflexiono sobre las dinámicas de los ritos. Sobre las sensaciones que quedan en los cuerpos habiendo experimentado ya diez ritos de pasaje.
De esas reflexiones surgieron las siguientes inquietudes:
· ¿Hasta que punto los cuerpos, los Performer están siendo intensos?
· Dejar respirar las transiciones. No temer a los huecos, habitarlos.
· Más atención en el momento previo a los ritos.
· ¿Administrar la energía?
· No! No! No! Cien por ciento de la energía en cada momento, en cada etapa, en cada rito. Varía la cualidad de la energía. No! La cantidad.
· Energía puya energía.
· ¿Como me preparo? ¿Como dispongo o convoco mi estado?
· ¿Como paso de ser un guardián observador a ser un participante atravesado por la danza? Un cuerpo receptivo.
· Troca de la energía. Ampliar la percepción métodos los cuerpos energéticos que se disponen al rito. Comunicación sensible.
Para todas estas inquietudes se concluye que tenemos herramientas que nos pueden ayudar. MANDALA DE ENERGIA- PENTAMUSCULATURA.
Podemos pensar, mientras se desarrolla el mándala, lo que recordamos de la exposición del rito a llevarse a cabo. ¿Como atraviesa mi imaginario la ancestralidad que se convoca? Canalizar esa musculatura (trasparente) ponerla en tensión con los órganos , los huesos , los músculos , los fluidos, (interna) y danzar el devenir de esas tensiones al encontrarse con los ruidos , la calle , los humores , los ciudadanos , la ciudad, el amor , el odio , la tierra , el cemento, los bichos , los autos , los parques , la arquitectura, el smog … el medio urbano.
Por ultimo la exposición de los ritos que se harán el día viernes:
Roger – “salto sobre la sombra” plaza Roosvelt
Roger trabaja con lo agresivo
Propone para los participantes una danza desde la fueza. Presionar, compactar al otro con una danza agresiva. El tomara la esencia de esa danza para transformarse
Tatiana – “aberrando “plaza Roosvelt
Tati quiere transformarse en una aberración.
Con su PLANO PERFECCION-DORIANA- FAMILA FELIZ. Cuestiona ciertos cánones o mandatos sociales impuestos. Tatiana trabaja con mucho material de sus sueños lo cual lo hace muy interesante y simbólico.
Simone – “tensiones afectivas- reflexionando sobre las prisiones del ego” plaza Republica.
Este rito se diferencia bastante de los de más. Creo que es muy particular. Pero Simone tuvo la inteligencia de mandar un Roteiro nuevo, reforzado que aclara todas las dudas. Yo tuve la desinteligencia de no leerlo por eso me costo bastante comprender su exposición. Disculpas Simone!!!
Todos los encuentros han terminado con una ronda en la que se cuenta hasta diez y luego se proyecta una palabra que nuclea lo que sucedió.
Este martes no lo hicimos.
Yo estoy percibiendo que el proyecto se encamina positivamente. Me hace feliz. Pero también me doy cuenta de que la exigencia será cada vez mayor.
Así que ahí va!!!! Uno y dos y tres, cuatro, cinco, seis, siete y ocho, nueve yyyyy…. INTENSO HASTA EL FINAL!!!!!!!
Relator: Rodolfo Osses
Relatório 16.06
Vlamir no rito de Maíra
Dando uma pequena pausa nos intensos, ricos e criativos ritos de passagem no centro de São Paulo, nos encontramos na sala azul da Galeria Olido para expormos os ritos de sexta e domingo.
Rodolfo começou com a exposição de seu “rito pic-nic” MASTICA, trazendo questões relativas à comida, alimentação, saturação, antropofagia e devoração, o ser que consome e é consumido. Lembramos do filme “O cozinheiro, o Ladrão, sua Esposa e seu Amante” de Peter Greenway. Combinamos encontro 16:50 em frente ao Parlapatões, para começarmos a mandala 17hs, executando o rito na Praça Roosevelt.
Alda, na sequência, expôs o seu, intitulado VIVER A MORTE NA LAMA, trazendo a questão da radicalização da entrega e transformação pelo desejo de ter seus cabelos raspados no meio do rito. Combinamos às 8:30 de domingo (20/06), no Monumento dos Bandeirantes, perto do portão 9 do Parque do Ibirapuera.
Nesse momento, Wolfgang apareceu em companhia de nossa prezada coreógrafa, mostrando que não veio ao mundo a passeio, que seu nome é trabalho e seu sobrenome é hora extra, nos alegrando com sua presença de gnomo alemão e nos inspirando com sua garra e amor à vida. Bem vindo de volta ao lugar de onde você nunca esteve ausente!
Maíra, na sequência das exposições, falou sobre o seu, TERRORISMO AMOROSO, com o desejo de superar seus medos e se encontrar com o outro, desconhecido. Falou também da importância da temática “violência contra a mulher”. Nesse momento, Wolfgang chamou atenção para o simbolismo desse rito estar acontecendo na Praça do Patriarca e toda a carga de opressão desse sistema sobre o feminino (possibilidades dramatúrgicas se revelando). Combinamos, então às 15h de sexta-feira (18/06), na praça acima.
Pequeno intervalo e voltamos para a aula de música com a animada Ligiana e sua precisa e rigorosa preparação vocal. O Piano entrou pela primeira vez na roda, mas teve seu brilho ofuscado, pois segundo nossa instrutora, já estamos desenvolvendo nossa musicalidade coletiva sem sua necessidade (do piano). Foram levantadas questões sobre a dificuldade da voz na rua, a construção dessa voz coletiva e o desenvolvimento de sua potência e da tão desejada cama sonora. Valter estimulou para que invistamos mais a fundo na exploração desses matizes vocais.
Fizemos exercícios em roda, trabalhando a projeção, vocalizes individuais com A, mantendo a boca aberta e trabalhando o diafragma. Trabalhamos com o grupo dividido em dois, uma parte sustentando uma nota e a outra subindo um semitom e depois, no centro do círculo, Chiu, Nancy Lílian, fizeram improvisações sonoras em solo, com o grupo improvisando notas ao redor sob a regência da Ligiana.
Finalizamos nossa aula, com um gran finale, onde todos tiveram a oportunidade de fazer sua cena solo, baseada no poema: BATATINHA, QUANDO NASCE, ESPALHA RAMAS PELO CHÃO (com direito à versão Argentina e mão no coração antes de dormir!), trabalhando a questão da projeção pela máscara facial.
Mais um intervalo e na volta foi minha vez de expor meu rito: AO ENCONTRO DE (DO/DA) SIBYLLA, trazendo a questão do resgate da androginia sufocada e o reencontro do self, celebrando as forças da natureza. Combinamos no Parque do Ibirapuera, por volta das 9:30, perto do portão 9, após o rito da ALDA.
Finalizando, Lili nos brindou com o seu, TORNA-TE QUEM TU ÉS, trazendo a questão de matar a Lili (simbolicamente representada por uma lesma) para Que a Lilian se manifeste. Será após o meu, no IBIRAPUERA.
Relator: Vlamir Sybilla
Relatório 11.06
Ritos de Bento e Adriana
quando demos início ao rito, tínhamos uma série de objetos cuidadosamente posicionados, como se fossem pequenas entidades no espaço acompanhando os performers. Após a Mandala de Energia, o início: um coro de performers-crianças entrou na roda com o candidato e juntos desenharam mandalas no centro da arena. Do lado de fora vinha a sonorização feita com voz, instrumentos e percussão corporal. Nesse jardim das mandalas surgiu um fio vermelho interligando os performers em uma dança da morte.
Um xamã observava tudo do lado de fora fumando cachimbo em uma dança particular que se destacava do ritmo dos demais. Após esse momento, uma performer dançou a passagem da serpente e nesta arena, agora fronteira entre a vida e a morte, o candidato ficou só em um curto silêncio. Iniciou-se o choro e canto das mães situadas nas saídas da arena, no centro a apoteose da cura em dança. Diversos rituais de cura. Depois uma explosão de luz (isqueiros): vaga-lumes, dançando pelo espaço ao canto de um performer. O candidato faz a travessia pelo ventre conduzindo-se ao renascimento (através de um longo tecido vermelho) e nasce: EUAO EO. Dança criativa entre performers e o Xamã, após esta dança explosiva dos Deuses, o canto das vogais do nome desse Xamã. Todos concentraram-se no centro da arena, próximos, e neste canto finalizou-se o ritual.
Este rito teve a duração de 1 hora.
O segundo rito chamava-se “O Oco” e tinha como tema a passagem de uma pessoa que não consegue se comunicar através da fala, para uma pessoa que passa a falar.
Fizemos novamente a mandala (cada um escolheu um trecho) e a partir de então a maioria dos performers deitou-se no chão passando a movimentar somente as cordas vocais. A candidata Adriana Coldebella vestiu uma máscara neutra e dançava pelo espaço a partir dos insultos e provocações que vinham tanto dos performers que estavam no chão (pareciam vozes que vinham das profundezas da terra), quanto de um performer em pé que falava ao microfone. Em um ponto da sala, havia uma camisola branca pendurada em um cabide e uma performer (“talismã” da candidata) dançando, benzendo e fortalecendo a vestimenta. Com o tempo a intensidade das vozes do chão foi aumentando, bem como a atmosfera tensiva e explodiu uma dança de fuga e perseguição entre a candidata e o performer com o microfone. A intensidade das agressões foi crescendo acompanhada pela intensidade da dança, de ritmo, movimentos, saltos e giros. No ápice, a performer que dançava para a camisola corre até a candidata e retira a máscara neutra de seu rosto. Adriana grita e cai em um choro profundo ajoelhada no chão. A performer “talismã” traz a camisola e veste a Adriana. Ela chora muito e com esta força levanta-se e começa a percorrer o espaço com relatos de desabafo, desejos, vontades e expressão, comunicando-se pela fala. A partir de então todos iniciam uma dança da voz em que corpo é voz e voz é corpo, dando corpo visível à voz. Faz-se uma roda em torno dela e ela responde a perguntas e agradece muito alto.
Este ritual teve a duração de 40 minutos.
Ao final, sentamos em roda para escutar e preparar os dois próximos rituais que aconteceriam no encontro seguinte.
Relatora: Maíra Leme
Relatório 15.06
Ritos de Chiu e Carol
Rito do Chiu
Encontramo-nos no Largo São Bento por volta das 18:00 horas. Organizamo-nos para a arrumação das bolsas em sacos plásticos e relembramos o roteiro do rito do Chiu.
Espalhamo-nos pelo chão (os mortos). Logo no início uma viatura da polícia precisou passar pelo espaço e nos recolhemos um pouco, sem problemas.
O rito teve início conforme a sua estrutura: a luta do demônio da morte, o despertar da menina morta de seu túmulo, o despertar dos mortos. Os mortos acompanham a menina morta em sua trajetória dançando seus renascimentos, descobrindo os mundos. Na frente do portão da igreja de São Bento, um círculo foi formado em volta de Chiu. Vlamir entregou as flores e colocamos as mesmas no Chiu que dançava e recitava o poema. O círculo se desfez em estado fogo e continuamos um pouco mais nas relações que surgiram nesse encontro.
Algumas ricas participações de moradores de rua, crianças, alguns transeuntes e de um homem. Este home participou dançando junto até o final do rito.
As crianças, no início, sentiram medo e pediam para que nos mexêssemos.
Será que vocês podem respirar, por favor! (falando aos “mortos”)
Olha aquela ali está respirando!
Aleluia!
O rito durou cerca de uma hora.
Rito da Carol
Deslocamo-nos para o Anhangabaú por baixo do Largo do São Bento. Passamos nos banheiros para nos maquiarmos e nos trocarmos. Caminhamos para o espaço escolhido pela Carol e fomos surpreendidos por uma briga entre jovens e a polícia. Como a situação estava tensa, resolvemos nos deslocar para um lugar próximo. Neste momento, a Carol (protagonista do rito) disse para recebermos o que estava acontecendo e não para nos livrarmos daquele acontecimento. Que a cidade era isso também: a cidade não é bela e limpa e é bela e limpa.
Esse foi um momento importante para nossa experiência rito na cidade. Estamos lidando com o concreto, com o real e incluir isso no rito é essencial. Não dá para fingir que nada está acontecendo, que a cidade não está suja, que o cheiro de urina é gostoso. Isso é material!!!
Iniciamos o novo rito posicionados como sugerido pela Carol: ela na árvore enrolada no papelão, as doenças em volta dela, “confortando-a”, os curandeiros um pouco mais distantes com seus baldes de água para o banho, os mestres de obras atrás dos curandeiros com seus tijolos sonorizando o acontecimento. Carol se incomoda com o “conforto”, há uma luta entre doenças e curandeiros sonorizada pelos mestres de obras, em seguida o banho e o retorno à árvore (todos juntos em conexão), nos tocamos e a tocamos. Recebendo a troca de pele dela. Dança da união, do contato.
Novamente tivemos a participação de alguns moradores de rua e transeuntes. Os transeuntes se aproximaram, tocaram tambor (baldes), o morador de rua esteve o tempo todo dentro do rito. Na dança final ele se aproximou e disse: frio, fome e sede. Já passei por isso aqui.
Finalizamos os ritos e combinamos afazeres para a 4ª feira, próximo encontro.